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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

A CASTRAÇÃO DE URANO
A CASTRAÇÃO DE URANO

URANO

A CASTRAÇÃO DE URANO


Quando Crono se rebelou e começou a sua última luta contra o pai Urano, ninguém podia imaginar que a castração parricida fosse constituir o ato germinal da deidade mais atraente do Olimpo. Mas assim foi; os testículos de Urano, cortados pela espada do filho rebelde para selar eternamente a derrota do pai e tirano, caíram ao mar e do contato da esperma residual com a espuma das ondas nasceu Afrodite, dessa espuma (afros) que lhe dá o seu nome. Outros dizem que foi a espuma do mar, por si própria (fórmula menos comprometida e considerada mais pura), a que engendrou partenogeneticamente Afrodite, a criatura mais bela que nunca o homem e os deuses conheceram; do que não há duvida é de que esse triunfo de Afrodite se produziu entre as águas azuis e transparentes do Mediterrâneo.


O TRIUNFO DE AFRODITA

Afrodite nasceu na costa da ilha de Citera, para ser levada amorosamente mais tarde por Céfiro, deus do poente, para a ilha de Chipre. Com certeza, o Mediterrâneo é o único lugar da orbe onde se pode imaginar que surja milagrosamente uma deidade de tal encanto.

Noutras lendas, em que a deusa do desejo se vê mais como uma projeção do seu próprio afã de provocar desejo, conta-se que Afrodite surgiu entre as ondas, tão nua e tão bela como habitualmente é pintada, junto com Citera, mas nessa ocasião a ilha pareceu-lhe demasiado pequena e pobre para uma deusa tão magnífica como ela; de lá, procurando o lugar idôneo onde estabelecer a sua residência definitiva, foi ao Peloponeso, mas lugar também não este a satisfez e continuou a sua peregrinação pela terra, para terminar vivendo, mais a seu gosto, na ilha de Chipre, em Pafos, rodeada pelas duas ou três filhas de Têmis, as Estações, suas servidoras e as encarregadas de vestir e cuidar da deusa do amor e da beleza. Há quem prefere outra genealogia, mantendo que Afrodite seja a filha dos amores de Zeus e Dione, a ninfa que também é filha de Urano e Gêia, ou de Oceano e Tétis, que ambas versões se mantêm com a mesma validade; trata-se de autores de importância, como Homero, que entre as páginas de "A Ilíada" assim situa a sua ascendência; mas a cena da bela saindo entre as ondas do mar, navegando na sua venera, é a imagem predileta dos artistas, a que ganhou amplamente às outras e a que sempre se preferiu para representar o seu triunfo natal, a proclama gloriosa da sua divindade de beleza inigualável.


DEUSA MARINHA

Afrodite era a "Nascida da espuma", dado que essa é a tradução literal do seu nome e, em conseqüência, o mar era -pelo menos- o berço da deusa. No seu principal santuário, no de Pafos, as sacerdotisas banhavam-se ritualmente no mar próximo, como uma comemoração do seu nascimento. Os autores clássicos contavam que nos seus grandiosos palácios, como o que se diz que teve em Cnossos, que as mais belas conchas marinhas cobriam os solos, enquanto que os peixes e os mariscos eram o seu manjar simbólico; daí que ainda hoje se tenha estes alimentos por "afrodisíacos" (de Afrodite), sem saber diferenciar donde nos vem a razão original da denominação e esse tão pretendido poder fortalecedor e erótico. Afrodite é uma deusa que se repete nos esquemas míticos da zona geográfica próxima da Grécia. Já antes existiam precedentes da bela deusa do amor; trata-se, em linhas gerais, duma divindade muito similar às grandes mulheres sagradas estabelecidas há muito tempo nos países da costa oriental do Mediterrâneo, como a ilha dos assírios ou como a Astarté, a deusa que acompanhava Baal em importância, da qual nos fala a Bíblia no livro dos Juízes e no dos Reis, e essas deusas têm bastante que ver no seu desenvolvimento posterior. É uma deidade que também tem pontos em comum com o mito de Eurínome, com a mãe de todas as coisas, surgida do Caos inicial. O que se pode acrescentar, como dado muito pessoal de Afrodite, é que a deusa parte em breve a voar pelos céus, e fá-lo acompanhada pelos pardais e pelas pombas, outros dos seus animais simbólicos.


VÊNUS, SINÔNIMO DE MULHER E OUTRAS COISAS

Vênus, a denominação latina de Afrodite, passa a ser o sinônimo das mulheres, do amor, da sua apetência, das suas veleidades, da sua beleza, do seu perigo; mas também se considera Vênus, sob o prisma doentio e deformador da repressão cristã, como a mãe da sexualidade, e isso é algo que a igreja constituída persegue desde o seu início. Venéreo é o adjetivo que emana de Vênus e assim como a palavra afrodisíaco(a) se une ao conceito positivo grego, o venéreo, uma vez que o latim se transforma no idioma oficial da igreja de Roma, passa a ser definição das doenças de transmissão sexual, as que a mulher transmite, como se essa fosse a sua causa real e única, e pode-se ler em português que venéreo é "relativo a vênus ou ato carnal".

No aspecto da beleza, a Vênus é a mulher perfeita e boa parte da sua fama vem inspirada pela admirável perfeição e pela indiscutível beleza das estátuas gregas que nos chegaram da antiguidade clássica; Vênus, felizmente, é também a muito importante licença artística que permitiu a escultores, pintores, ourives e oleiros, ainda nas épocas de maior controle e censura da expressão artística, apresentar o nu feminino nas mais sérias cortes da Europa e oferecer o seu corpo à nossa admiração. Mas também, entre os valores positivos, Vênus é o corpo celeste com maior luz, após o sol e a lua; a estrela da tarde e a estrela da manhã, a maior luminária entre as estrelas visíveis do firmamento, à qual tanta poesia se dedicou, embora seja um planeta, o planeta do cobre, segundo o código alquimista.

O CASAMENTO COM HEFESTO

Casada a mais bonita entre as deusas e, além disso, eternamente jovem com o nada gracioso filho de Zeus e Hera, contrafeito, mas bondoso e trabalhador Hefesto, o casamento entre Afrodite e o ferreiro do Olimpo pareceu ser exemplar, com o valor acrescentado de ser um marido enormemente satisfeito pela sua sorte, e talvez o deus mais feliz e orgulhoso da sua felicidade, ao poder-se considerar o escolhido entre todos os imortais, e parecia impossível que tão esplêndida mulher, nada menos do que a deusa do desejo, a personificação do amor e a beleza, fosse sua esposa, aquela mulher que lhe estava dando tantas satisfações e uma descendência tão numerosa e lúcida. Tudo aparecia radiante naquele casal, tudo decorria plácida e gratamente, para todos os efeitos, pelo menos, antes de que alguém se pusesse a averiguar o que é se que estava passando com tão maternal Afrodite, essa deusa tão presumida, tão orgulhosa de si e tão zelosa da sua beleza, aumentada até ao infinito com a posse da sua peça de roupa mágica, da cinta que a tornava irresistível a todos os homens mortais ou imortais. Durante este plácido tempo matrimonial, Afrodite deu à luz três filhos; eram dois rapazes e uma moça. Os dois varões não tinham bons costumes e péssimos sentimentos. Ao contrário, a filha era uma doce e encantadora jovem. Tratava-se, nem mais e nem menos, dos varões Deimos (o espanto) e Fobos (o medo) e da bela Harmonia, nome que -felizmente- não necessita duma descrição auxiliar. Tudo teria sido perfeito se não mediasse uma indiscrição de Afrodite e a curiosidade de Hélios, que surpreendeu uma manhã, já tarde, Afrodite dormindo placidamente no seu leito, mas acompanhada pelo poderoso patife chamado Ares. Agora sim que se explicava a vocação bélica de Deimos e Fobos, escudeiros, logicamente, do seu sangüinário pai! Hélios correu a dar a notícia a Hefesto, embora a missão não fosse nada agradável, mas Hefesto sempre tinha sido apreciado entre as gentes do Olimpo e tinha que corresponder à sua lealdade com a mesma fidelidade, por cima de qualquer outra consideração de irmandade ou confraria entre deuses.


UM JULGAMENTO FRUSTRADO

Hefesto tramou um bom estratagema para certificar o engano da sua mulher e para caçar em flagrante delito o desprezível Ares. Teceu uma rede metálica, forte e subtil; estendeu-a sobre o leito matrimonial, de modo que se disparasse sobre os que nele se encontrassem e lá os deixasse apanhados até que ele -e só ele- os libertasse. Depois deixou ver claramente à sua esposa que ia passar uma temporada na ilha de Lenos. Foi e Afrodite reuniu-se rapidamente com o seu amante Ares. Lá, durante a noite, a rede imobilizou-os e ficaram apanhados até ao regresso efetivo de Hefesto, que reuniu os deuses (só os varões, que as mulheres repudiaram o ato) para lhes servirem de testemunhas e de juízes. Hefesto pedia recuperar o que pagou por Afrodite no devido momento ao pai Zeus; Apolo desejou publicamente a presa nua; Hermes não se limitou a observá-la e fez saber que gostaria de gozar com Afrodite, embora fosse à custa de compartilhar uma prisão; Possêidon ou Possidón, como se prefira, quis arranjar o assunto e pensou que Ares satisfaria o pagamento reclamado por Hefesto, embora se não o fizesse, ele também se comprometia a casar com a adúltera; no final, tal situação terminou por esgotar as suas possibilidades e a rede levantou-se, Afrodite partiu para posteriores aventuras e, como era de prever, ninguém pagou nada a Hefesto.


HERMES CONSEGUE O SEU DESEJO, POSSÊIDON O SEU PRÊMIO

Afrodite, que tinha ouvido encantada o comentário de Hermes, enquanto estava com Ares apanhada no leito e à vista de todos, não se tinha esquecido do efeito que o seu atrativo tinha despertado nele, e isso ficou patente no seu comportamento, dado que, pouco tempo depois de terminar o episódio, conseguiu satisfazer os desejos do deus e recriar-se com a conquista que tão rapidamente tinha conseguido. Da união duma única noite, os dois deuses, tão prolíficos como sempre, foram pais de Hermafrodito, um ambíguo ser que contava com a peculiaridade de possuir os atributos misturados, como prova evidente da sua peculiar característica de ser uma divindade dotada de duplo sexo. Depois de satisfazer a sua curiosidade de amante e de recompensar Hermes pela sua pública declaração de admiração para os seus encantos, a deusa foi repetir a sua demonstração de agradecimento com o outro deus que melhores sentimentos tinha mostrado durante o incidente. Tratava-se de Possêidon, quem, pela sua honestidade e nobreza, tinha ganho o direito ao melhor de todos os prêmios possíveis, e desse agradecimento produziu-se a imediata gravidez e posterior parto de Herófilo e Rodo, dois rapazes, de prenda para o deus dos mares, que passaram sem pena nem glória pelos anais olímpicos, mas que aí ficaram para demonstrar que Afrodite sabia fazer o seu papel de deusa do amor.


OUTRAS MATERNIDADES

Mas Afrodite continuou o seu alegre e gracioso caminhar pelos soleados campos do mundo das divindades. No decurso do tempo sem tempo, um dia a jovem eterna tropeçou com o também alegre Dionísio, outro filho de Zeus, que o teve com Sêmele: este, que era deus da vida vegetal e, muito especialmente, do vinho e dos seus prazeres, devia ter parecido muito agradável a Afrodite, dado que deitou-se com ele e gozou suficientemente para que se soubessem das suas abertas efusões outros dos seus companheiros e iguais. Entre o público involuntário encontrava-se Hera, e a ela, mais que ninguém, não gostou do encontro. A poderosa Hera não gostava dessas exibições de paixão, talvez porque estivesse farta das muitas histórias que teve que suportar do seu marido Zeus. Essas mesmas coisas que Zeus costumava fazer neste terreno dos gozos desenfreados e fora de casamento. A coisa é que, para que não ficasse dúvida de que Hera reprovava as exibições amorosas da inigualável Afrodite e do desavergonhado Dionísio, utilizou o seu poder para influir negativamente no desenvolvimento da criatura que se estava gestando no seu ventre e, conseqüentemente, o menino nascido deste acasalamento foi uma viva amostra do mau gênio da deusa. Tratava-se de Príapo, que seria deus dos frutos do campo e do gado, divindade dos jardins e, mais do que nada, da virilidade. O menino nasceu extremamente feio e estava dotado de um desproporcionado aparelho genital de tremendas dimensões, para que constasse claramente que era filho do desenfreio. Aos gregos e aos seus herdeiros culturais, o castigo de Hera pareceu uma boa coisa, e gregas e romanas utilizavam a característica tão particular do menino como alegre amuleto e como pequeno ídolo de bom agouro.


OUTROS AMORES MENOS FELIZES

Afrodite afeiçoou-se com Adônis, um maravilhoso homem, nascido de um jogo estranho da vingativa mania dos deuses de não perdoarem àqueles que não queriam perdoar porque sim.

Afrodite, tão volúvel e inesperada como o resto das divindades, também teve um dia uma caprichosa vingança. Aconteceu que a rainha de algum lugar falou inocentemente da beleza da sua filha Esmirna, chegando a atrever-se a afirmar que se tratava duma donzela muito mais bonita e atraente do que a velha Afrodite. A divina deusa do amor, da beleza e do desejo, quis castigar, não a mãe -como teria sido correto- mas a filha, que não estava de maneira nenhuma a par da estupidez da sua mãe, a rainha. E Afrodite decidiu fazer com que Esmirna ardesse em desejo pelo seu pai, o rei, a quem fez embebedar para conseguir o estranho desejo de fazer o amor com ele por verdadeiro desejo de Afrodite. Naturalmente, como passava em todos os coitos onde os deuses tinham alguma coisa que ver, Esmirna ficou instantaneamente grávida do pai; mas chegou a ressaca ao pai e pôde notar que era a sua filha a acompanhante da noite anterior e arremeteu contra ela, com a espada na mão. Afrodite, que estava atenta ao final da história, transformou Esmirna em árvore e o rei, colérico, não pôde acabar com a vida da criatura que ele tinha engendrado inconsciente do parentesco.


AQUI CHEGA ADÔNIS, O BELO ADÔNIS

Esmirna ficou condenada a permanecer para sempre em forma de árvore, sem ter sequer a satisfação de ser mãe do menino mais prodigiosamente belo que nunca tinha existido, demonstrando para sempre que a justiça dos céus é tão pouco esperançadora como a da terra; mas, à parte das considerações de ética, o fato é que nasceu Adônis, e Afrodite, já contente com a lição dada à donzela inocente da sua beleza, não soube que fazer com a criatura, de maneira que a ocultou à vista de todos, dentro de um baú, e entregou-o à rainha do império das sombras e esposa à força de Hades, rei do Tártaro. Perséfone, uma vez que a sua amiga se foi embora, teve a lógica curiosidade por conhecer o conteúdo do baú. Dito e feito: abriu-o, olhou admirada e foi encontrar um menino tão belo, tão admiravelmente belo, que não pôde menos que esquecer-se da petição da sua colega e decidiu cuidar dele como uma mãe e algo mais, embora então não soubesse até que extremo se ia afeiçoar com a criatura poucos anos mais tarde. Chegou a Afrodite a notícia da adoção e foi ao inferno, disposta a armar um escândalo à atrevida Perséfone. Mas esta não se alterou, e é mais: declarou que não estava disposta a abandonar o jovem que tinha crescido bastante bem entre os seus braços, dado que já era o seu muito satisfatório companheiro de jogos de amor, estivessem ou não de acordo o marido Hades ou a volúvel Afrodite. O que não chegou a imaginar Perséfone é que a sua adversária fosse recorrer a Zeus, dado que a força do seu desejo -ao ver a beleza de Adônis- tinha sido demasiado forte para resistir a ele. Zeus não quis saber nada de uma briga entre mulheres ciumentas e passou o assunto para mãos de Calíope, musa da eloqüência e da épica. A sentença de Calíope foi digna de uma musa: ditou que as duas rivais apaixonadas pelo mesmo homem tinham direito, por razões diversas, a desfrutar de tão apetecível jovem, mas julgou oportuno fazer saber às pleiteantes que também devia ser reconhecido a Adônis o direito a ter uma similar temporada anual de descanso, para andar em liberdade, como fosse do seu gosto. De maneira que Calíope decidiu: que Afrodite desfrutasse de um terço do ano; Perséfone de outro terço; e, finalmente, que Adônis pudesse gozar à sua vontade, e em liberdade, do terço restante, podendo-se considerar tal sentença como o reconhecimento olímpico às bem merecidas férias do homem em questão.


AFRODITA FAZ CILADAS À JUSTIÇA

Com a ajuda dos encantamentos da sua cinta e da sua muito estimável beleza física, para Afrodite foi fácil fazer a Adônis que se esquecesse da que foi sua mãe adotiva e deixasse sem vigência as férias pactuadas por Calíope. Perséfone ficou cega e não pensou em nada mais do que no castigo à sua inimiga. De maneira que foi procurar Ares, antigo amante de Afrodite, para contar-lhe com todos os sinais como Adônis tinha conseguido da deusa tanta paixão, muito mais do que a que Ares nunca despertou nela. Ares, que era bruto por natureza, caiu na cilada dos ciúmes e decidiu, transformado em javali, visitar o presumido Adônis no seu terreno, para dar-lhe a lição definitiva, a de que ele, Ares, tinha sido e seria muito melhor amante do que ninguém, por muito Adônis que ele fosse. Chegou a besta ao monte Líbano, onde Adônis se divertia caçando, à beira da sua apaixonada. Ares arremeteu contra o jovem e destroçou-o totalmente, desgarrando-o com os seus dentes. Morto Adônis, Afrodite voltou a implorar a Zeus, banhada em pranto, pedindo desta vez que o seu Adônis, que agora estaria no infernal e eterno reino de Perséfone, pudesse gozar duma liberdade anual, que fosse meio ano para as trevas e outro meio para o sol do Verão. Zeus, comovido por estas complicadas histórias de amor, como muitas das que ele tinha vivido, concedeu o desejo a Afrodite e assim, para sempre, ao chegar o calor do Verão, Adônis sai do seu encerro no Tártaro e reúne-se com a sua amada, para passar as noites amando-se, dormindo estreitamente abraçados, sob a cálida abóbada do firmamento grego.


ANQUISES PRESUME PERIGOSAMENTE

Anquises era um rei bonito e feliz. Afrodite gostou dele e deixou-se cair no seu Sono, entre os seus lençóis. Parece que o indutor de tal aventura foi Zeus, que balbuciava com os encantos da sua possível filha e que queria dar-lhe uma lição. O caso é que, chegada a manhã, Anquises encontrou-se com a deusa a seu lado, Afrodite pediu-lhe que não dissesse a ninguém da sua presença e dos atos carnais executados. Anquises prometeu cumprir o desejo, sobretudo quando a deusa rogava em lugar de exigir ou fazê-lo penar por tal desvario inexplicável. Mas Anquises não manteve a promessa e deixou cair entre os seus amigos que ele já tinha feito o amor com Afrodite. Tanta fatuidade enfureceu Zeus, fazendo-lhe lançar um dos seus raios contra o rei deslinguado.

Afrodite, que também tinha ouvido a impertinência de Anquises e que estava a ponto de apresentar-se perante o homem sem palavra, interpôs-se a tempo e parou o raio com a sua cinta. Salvou a vida a Anquises, mas já não pôde recuperar-se no futuro, afetado pelo efeito desse raio. Ora bem: apesar da infeliz ideia do rei, o episódio é belo e merece a pena ser recordado, porque deste lance amoroso surgiu o grande Eneias, que seria cantado nada menos que por Homero para os gregos, em "A Ilíada", e por Virgílio em "A Eneida", para os romanos. No final, Eneias, transformado por Virgílio em corajoso príncipe troiano, em herói fundador do império romano, passa a ocupar o lugar que o destino e a tutela da sua doce mãe Vênus prepararam para a ele: chegar a Itália, para dar início à raça latina, ao domínio de Roma sobre a orbe.


VÊNUS EM ROMA

Vênus é nada menos do que a mãe de Eneias, o herói escolhido pelos poetas como pai da pátria romana. Por isso, Vênus vai ser a deusa imprescindível no panteão latino. Foi ela quem guiou os passo do filho pelo Mediterrâneo, até conseguir que alcançasse o seu objetivo romano. Foi ela quem vigiou cuidadosamente os seus passos e zelou pela sua segurança, apartando-o das tentações invisíveis do infortúnio que parecia rodeá-la sem deixar uma fissura por onde ver a luz. Foi ela, a maternal Vênus, quem fez tudo o devido e prescrito, sem esquecer um ponto nem uma vírgula, para que fosse cumprido que o herói alcançasse a sua culminação, conseguindo que, com ele, se tornasse realidade a paternidade fatal, a criação duma raça superior a todas as conhecidas, a criação do povo escolhido que seria dono e senhor do Universo, regendo os seus destinos na grandiosa cidade universal de Roma. Mas, voltando a Eneias e Vênus, para explicar a nova lenda, digamos que a história da proteção de Eneias pela sua mãe Vênus, o novo nome de Afrodite no império, começa após a caída final de Tróia, quando o ardil dos gregos acabou com a longa defesa da cidade sitiada. Eneias sai das ruínas, acompanhado pelo seu ancião pai e pelo seu filho, faz-se com uma barca de vela e sai para o mar aberto, à procura de uma nova pátria onde viver e morrer. Acompanham-no outros cidadãos sem cidade, outros troianos que procuram o novo lar e que não conseguiam, com o seu chefe natural, encontrar o sítio apropriado, apesar dos mil e um esforços realizados nesta e naquela costa, em cem lugares diferentes, mas repetindo-se sempre o mesmo ritual da advertência mágica que vinha confirmar, outra vez, que aquela localização também não era a que eles deviam tomar. Uma noite, por fim, dormindo ao amparo da terra cretense, o Sono revela-lhe que em Hesperia, lá para o Poente, está a terra desejada. É a chave que tanto trataram de conseguir, mas que só agora mereceram, após demonstrar que estavam dispostos a dar tudo para conseguir o nobre objetivo de construir um mundo diferente. Na manhã seguinte, sem mais demora, para lá partem, afrontando a longa viagem (no devido momento) com rumo à promessa sonhada.


ANDRÔMACA VIVE!

Andrômaca, a viúva de Heitor, símbolo homérico do amor havido entre marido e mulher, foi levada à escravidão após a caída de Tróia e graças ao fato de casar com Pirro ou Nooptolomeu, o filho de Aquiles, precisamente aquele que matou o seu amado. Mas Pirro cansou-se dela em breve e não demorou muito em morrer e deixá-la de novo livre. Com outro compatriota troiano, com o sábio Heleno, voltou a casar Andrômaca e foi este casal o que encontraram os navegantes num alto na sua travessia para o Poente. Heleno informou-lhes sobre essa Itália que eles desconheciam e advertiu-lhes que havia assentamentos gregos nas costas do Este, povoamentos que, claro está, deviam evitar completamente se queriam sobreviver. Deviam dirigir-se para o norte, na costa do poente da longa península, até dar com o ponto exato, centro do futuro império que já Heleno sentia e onde estava escrito que tinha que fundar-se a capital do mundo.


VÊNUS, EM DEFINITIVA, COLOCA ENEIAS EM ROMA

Podia-se continuar revelando o trajeto até que os troianos chegam ao fim da sua viagem, mas digamos que é melhor resumí-lo em dois pontos: a sua insistência e a constante proteção da Vênus tutelar. Eneias acaba casando com Lavínia e deles vai brotar a língua estirpe imortal dos latinos. Por isso Vênus, entre os seus, perdeu o caráter brincalhão, caprichoso e sensual que tinha tido como Afrodite e passou de ser uma divindade primaveral menor a estabelecer-se como essa matrona tão profundamente romana, como modelo da maior parte da nova sociedade. Também, à parte de ter sido mãe do fundador, Vênus soube resolver o conflito aberto entre romanos e sabinos, sempre nessa nova linhagem das divindades transplantadas para Roma, na qual a prudência política e a boa vizinhança parece estar antes do que qualquer outra consideração. Recordemos senão a moderada intenção de Marte nas portas de Roma, rejeitando os sabinos com um truque geológico, em lugar de submetê-los de forma sangrenta com a ajuda das suas mortais armas, como teria feito o seu predecessor Ares no terreno próprio da mitologia grega. Não é de admirar, pois, que Vênus escalasse à mais alta glória civil numa sociedade que o era eminentemente, apesar do seu imponente e básico componente militar; a figura renovada de Vênus era um pilar fundamental no âmbito latino, e uma boa prova disso é o fato da manobra divinizadora realizada por Júlio César, que, procurando ainda mais elementos favoráveis para justificar e apoiar a sua ascensão ao poder supremo e assegurar-se o seu afiançamento, não duvidou em nomear-se a si próprio descendente dessa Vênus exemplar, arrastando também o culto público da deusa ao seu mais elevado nível oficial.


AFRODITA E VÊNUS NA ARTE

Naturalmente, há que começar por Afrodite, pelo seu triunfo ao nascer, uma estampa constante na arte ocidental, do classicismo heleno ao barroco mais brilhante. É a viva imagem da alegria, da exaltação total da beleza. Junto dela, como apoio ao seu posterior desenvolvimento, se está formando a base de toda a arte e da estatuária grega. Lá, mais do que em nenhuma outra parte, é onde Afrodite se nos mostra em todo o seu esplendor humanizado, demonstrando que ela, por si própria, é o cânon da beleza feminina, a medida da perfeição representada em volume real, nas três dimensões do espaço real. Depois, ao ser levada para as duas dimensões da pintura, Vênus, já com esse nome para sempre, é-nos revelada como a incitadora que foi para o Olimpo e para os homens que puderam conhecê-la na antiguidade mítica.

É a Vênus indolente, a bela orgulhosa da sua identidade, a mulher superior em beleza e juventude a todas as restantes mulheres que tiveram que imitá-la sem desculpa como um modelo longínquo, inalcançável. Reforça-se a sua beleza com espelhos, para que se possa duplicar a visão limitada por um plano, sublinha-se o seu poder com a presença de humildes admiradores que se limitam a estar na sua proximidade, quietos, quase estáticos. Goya dá-nos uma visão realista de Vênus nas suas "majas", Ingres mantém-se fiel a Vênus nas suas "odaliscas", e até o surrealismo de Dali trata de passar a Vênus de Milo para o seu terreno, como última homenagem à sua perfeição.