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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

ATENA. A VIRGEM GUERREIRA
ATENA. A VIRGEM GUERREIRA

ATHENA

ATENA. A VIRGEM GUERREIRA


Palas Atena é a deusa dos guerreiros vitoriosos porque no seu nascimento aparece armada e disposta para a sua missão. Mas, além disso, esse acontecimento partenogenético, sem mãe nenhuma, já proclama a sua futura condição virginal. Atena sai diretamente do crânio paterno e não necessita de nenhum seio materno que a acolha durante a gestação. Talvez por isso, Atena não conheça nenhum homem nem necessite dele. É uma mulher de uma única peça, sem fissuras nem ataduras familiares; por isso não é nada raro vê-la como uma divindade exclusivamente concebida para a vitória dos seus, dos filhos da Hélade. Com a passagem do tempo, Atena se vai tornando mais doce e toma um papel mais maternal para com os seus fiéis, dado que passa de ser uma mulher de ação a uma matrona tutelar, até que se converte na deusa guarda do Estado e dos lares atenienses, primeiro, e de toda a área grega, depois. Com a mudança sofrida, Atena já não é a brava deusa que acompanha as expedições armadas de conquista ou de castigo; com a passagem do tempo, a deusa não sai mais ao combate, mas se mantém permanentemente em guarda contra os inimigos que podem vir de fora. A cidade, sinônimo do Estado nuclear grego, é o seu âmbito natural e a ela se dedica o seu reinado. Com a cidade também se englobam, muito mais adiante, os que vivem e trabalham dentro dos seus limites, e assim a guerreira Atena passa a preocupar-se pela sorte dos artesãos e termina atendendo os agricultores que alimentam os seus protegidos cidadãos.


ASSIM COMEÇOU A SUA VIDA ETERNA

Atena nasceu de Zeus, saindo da sua cabeça, como já se disse; mas Zeus não era bom pai para os seus múltiplos filhos e abandonou a menina armada nas mãos do deus-rio Tritão. O bom deus tomou a mocinha sob a sua tutela como se fosse outra das suas filhas. Criada nesse ambiente familiar, a jovem Atena encontrou a sua melhor amiga na filha de Tritão, e com esta menina da sua mesma idade, com a gentil Palas, entreteve os dias felizes da infância. Mas a sua inocência ia acabar de um modo terrível: num dos muitos combates simulados entre as meninas, Palas esteve a ponto de bater seriamente na sua companheira Atena, mas Zeus, que não era tão mau pai depois de tudo, viu a cena e saiu em defesa da sua filha, distraindo Palas com a sua alforja de couro. Atena, livre do ataque, matou a distraída Palas sem reparar também no que estava acontecendo diante dos seus olhos. Noutras versões do mito se relata que a deusa Atena nasceu em Líbia, na margem do lago Tritão (ou Tritonis) e foi recolhida por três ninfas quem se encarregaram do seu cuidado e educação. Durante um dos jogos de guerra com que se entretinha Atena, como prelúdio infantil da sua vocação de guerreira, com a sua inseparável companheira Palas, perdeu o controle da sua lança e esta atingiu mortalmente a outra menina. Atena ficou horrorizada pelo acontecido e no seu escudo, que já nunca mais serviria de brinquedo, escreveu o nome de Palas e fez com que, já para sempre, o nome da perdida amiga fosse precedendo o seu próprio, Palas Atena.


OUTRAS VERSÕES DO MITO

Outras fontes nos relatam um amor bastante contrariado entre Zeus e Metis, a titânide esquiva. Apesar de todos os muitos truques que empregava o caprichoso amante celestial, Metis conseguia esquivá-lo uma e outra vez, o que só fazia aumentar os desejos de Zeus para com a titânide e, como ele era divindade suprema, terminou por conseguir o seu propósito. Metis ficou grávida, mas o processo do parto não era tão simples, dado que o oráculo apontava que -nesta ocasião- Metis pariria uma fêmea, mas que na sua seguinte gravidez ia engendrar o homem que destronaria Zeus. Este, recordando o que o seu pai Crono tinha feito para destruí-lo e como ele próprio tinha cumprido a profecia, não duvidou e comeu a grávida, com o feto dessa Atena e tudo. Mas na curiosa digestão olímpica, o feto seguiu o seu processo e, ao cabo do tempo regulamentar, Zeus sentiu as dores do parto e, não sabendo a que é que se devia tal penar, atirou-se para o lago Tritão, para aplacar nas suas águas o estranho sintoma. De nada lhe valeu o mergulho, pois agora era a cabeça a que doía como um deus nunca poderia imaginar. Ao vê-lo em tão penosa situação, os seus colegas aproximaram dele e Hermes diagnosticou com acerto a causa da enxaqueca: era uma gravidez craniana. Algum dos presentes teve pena de Zeus e abriu-lhe o crânio com uma ferramenta especial disposta para rachar a cabeça sagrada. Pela violenta trepanação, numa espetacular chegada ao mundo mágico dos antigos, saiu a triunfante Atena, armada dos pés á cabeça e bradando como um soldado perante as filas inimigas, e não como se supõe que deveria gritar um ser nascido de homem e fêmea.


A OUTRA HISTÓRIA DE PALAS

Também há quem proclame que Atena era filha do gigantesco e zoomórfico Palas, um ser pouco gracioso, que tinha asas e corpo de cabra, como um sátiro voador. Sátiro devia ser o presumível pai, pois tentou chegar a mais com a sua criatura, sem contar com que a filha era esperta no combate, embora fosse também contra pai tão desnaturado, e não só tirou de cima tão desagradável parente senão que o esfolou e, com a sua pele de cabra, fez a sua bolsa, pondo como adorno sobre os seus ombros as asas do derrotado e incestuoso violador. Parece que este mito é um produto líbio, como o da deusa Neith. Às vezes se diz que Possêidon era o pai, mas que Atena, pouco contente de ter tal progenitor, um dia, decidida, foi ao supremo Zeus e pediu-lhe para ser adotada por ele, coisa que o bom deus e tio carnal fez sem duvidar; a partir dessa adoção, o resto da história se mantém nas linhas gerais do mito clássico. Também se narra a briga entre Possêidon e Atena pelo patrocínio de Atenas. A disputa chegou a converter-se em questão de Estado no Olimpo e terminou em votação entre os deuses, para ver a quem se adjudicava a sua tutela. Após a contagem dos votos, viu-se rapidamente que os deuses apoiavam Possêidon e as deusas Atena. Nessa votação sexista, ganhou a maioria de mulheres divinas por um único e definitivo voto, e Atena ficou perpetuamente com a cobiçado lugar. O que sim é uma constante em mitologia é o confronto entre Atena e Possêidon, seja qual for a história que se tome como referência, e a justificação de que, com essa desculpa hipoteticamente religiosa, a cidade de Atenas decidisse que as mulheres da terra ateniense ficassem sem direito a voto, não fosse ser que outra nova consulta terminasse com a sua vitória.


LÍBIA, TERRA DE ORIGEM

O que parece ser certo é o fato de que Líbia seja o lugar de origem do mito. Digamos que a Líbia clássica é um grande território, face ao Mediterrâneo, que arranca justamente no delta do Nilo e que se estende indefinidamente até chegar à Numídia, situada no que agora se chama Líbia e Tunísia. Partindo dessa costa (hoje Egito), através de Creta, um cruzamento de rotas muito importante, no centro do mundo civilizado da época. Através da escala insular, todas as influências de viajantes e comerciantes foram uma contínua via de comunicação cultural e religiosa.

Platão conta que Neith, deusa líbia, é a base sobre a qual se constrói a nova história grega, sob a denominação de Atena. Naturalmente, entre a iconografia egípcia se podem encontrar muitas imagens de Neith, assimilada ao culto oficial faraônico. Outros autores também apontam a origem líbia da divindade, contando os ritos dessa deidade, nos quais figurava a luta sagrada anual entre as sacerdotisas de Neith como forma de acesso à posição de máxima sacerdotisa, numa recriação da morte da menina antagonista e da singularidade posterior da nova divindade, que se ergue como tal, uma vez que se produz o resultado final, aquele apontado pelo destino, como trâmite inicial do seu império.


O MAL-ENTENDIDO DE HEFESTO

A virginal Atena recebeu em muitas ocasiões o requerimento amoroso dos seus pais, mas sempre se manteve fiel à sua ideia inicial de ser virgem por vocação. Ao fim e ao cabo, essa era a petição mais importante da sua vida e estava claro que não o tinha feito por capricho, mas porque compreendia que o seu nascimento marcava o seu destino, separada absolutamente do sexo que nem sequer tinha existido na sua concepção. Mas há um episódio que vem sublinhar a sua decisão melhor do que qualquer outro tipo de consideração. Trata-se daquele momento em que Atena deve procurar armas para intervir em Tróia. Zeus declarou solenemente que não tomará partido por nenhum dos dois bandos. Palas Atena não quer deixar de respeitar a sagrada vontade paterna e dirige-se ao deus da forja, Hefesto, para que ele seja o forjador do seu arsenal. Hefesto aceita a encomenda e se põe a trabalhar, apaixonado pela bela e decidida deusa. Apesar da sua feiúra, Hefesto foi o marido da bela entre as belas, de Afrodite (embora o seu casamento não tenha resultado tão satisfatório e nobre como devia ter sido), e a presença de Atena fá-lo pensar de novo na possível felicidade de estar com uma mulher tão maravilhosa como aquela que tem diante de si. Ao falar do preço a pagar pelo trabalho, Hefesto indica que lhe basta o amor de Atena: ela não pode compreender que seja muito mais do que uma lisonja o que o ferreiro dos deuses disse tão seriamente, mas para Hefesto sim, significa tudo a palavra dita.


A TRISTE BRINCADEIRA DE POSSÊIDON

Apaixonado visivelmente Hefesto, faltou pouco para que Possêidon, que Atena tão pouco estimava (se temos em conta essa lenda da filha de Possêidon, que procura a adoção no seu tio Zeus), fosse com o conto de que a séria Atena queria, realmente, provocar uma violenta paixão no armeiro, que a única coisa que procurava, com a desculpa das armas e em combinação com Zeus, era o momento de ser possuída brutalmente por um deus como ele. Ao ouví-la entrar na forja, e sem duvidar um momento, Hefesto lançou-se sobre a virgem, julgando que estava cumprindo com o capricho de Palas, mas a situação congelou-se quando a deusa reagiu surpreendida e indignada perante tal ataque.

Hefesto, que já não entendia nada senão os seus impulsos sexuais, ejaculou contra a coxa da sua amada. Já se tinha acabado a penosa aventura da qual os dois eram vítimas inconscientes, pela perversidade de Possêidon. A agoniada Atena limpou a coxa com uns fios de lã que encontrou na forja. Depois, contrariada pela desagradável experiência, arrojou o pingo ao chão, pensando que assim dava o incidente por resolvido, e não chegou a pensar no que ia suceder imediatamente com esse pingo encharcado com o esperma do envergonhado Hefesto.


ERICTÔNIO, FILHO DE UMA VIRGEM

Mas aí não acaba a história do frustrado amor de Hefesto, dado que Gêia, a Terra, recebeu a esperma e ficou automaticamente grávida, por azar, por essas coisas do destino. Gêia também não estava disposta a carregar com esse produto da brincadeira de indubitável mal gosto de Possêidon, e deixou claro que não aceitaria o filho resultante da estupidez dos outros. Atena, sentindo-se em parte responsável pelo incidente, tomou a decisão de encarregar-se da criatura assim que fosse parido por Gêia.

Coisa que fez, e o filho, Erictônio, guardado da vista de todos, sobretudo para eliminar a possibilidade de que o pouco querido Possêidon continuasse com a brincadeira, foi tirado do Olimpo e levado para a corte do rei Cécrope, para mais tarde chegar também ao trono de Atenas, como sucessor do seu pai adotivo, quem além de cauteloso e prudente no seu reinado, a meio-caminho entre deuses e heróis, foi célebre por ser um administrador perfeito e inovador nas leis da religião e da política.


PACIFICADORA

Se se estudam os textos clássicos, à parte destas disparidades sobre o seu nascimento, sua paternidade e as suas complicadas relações com o resto dos deuses maiores e menores, vemos como a lição da morte de Palas transforma a primitiva figura de guerreira decidida noutra divindade, a quem preocupa mais a segurança, a estabilidade e a paz do que as armas vitoriosas. É uma deusa desarmada, não como Ártemis, que vai equipada com o seu arco e seguida pelos seus lebréus, nem tem o porte brilhante do fardado Ares. Atena está mais preocupada pelo lar do que pelos frontes de batalha e a sua ideia é que a paz se pode conseguir, que um acordo é melhor do que uma batalha, embora o clamor da vitória, quando existe, soe e ressoe com maior intensidade, se converta em regozijo popular e em instrumento de ascensão para os heróis. Atena tem a seu lado o mocho, pássaro da sabedoria, e também a acompanha o corvo, que é uma ave dotada de uma especial inteligência simbólica.


INVENTORA PARA A HUMANIDADE

Sábia e doméstica, depois de ter demonstrado o seu valor militar, Atena se dedica a pensar em favor do seu povo; à sua dedicação pelos humanos se atribuem invenções de todos os tipos, mas sempre industriosas, do arado e o jugo que vai ungir as bestas ao aparelho de um carro ou desse arado, a instrumentos musicais, como a flauta ou a corneta metálica e marcial. Também é quem desenha os veículos terrestres ou os marinhos e, não contente com esse repertório de máquinas e de instrumentos, se põe a pensar em como continuar facilitando a existência de todos . Para as mulheres, Atena desenvolve as artes culinárias, a fiação e o tecido. Para os que querem conhecer os segredos do cálculo, Atena prepara a aritmética. E não pára aí, pois é a primeira oleira e a responsável desse invento tão prático para domar as cavalarias: o freio e a brida. Como não podia ser menos, Possêidon, o seu constante rival, também se atribui o invento da brida para os cavalos, embora pareça ser verdade que, naquele tempo, a deusa foi a predecessora.


A MISERICÓRDIA CHEGA COM A MATURIDADE

Apesar do seu passado, da sua aparição sobre a face da terra, de ter nascido armada e predisposta à luta, Palas Atena, a convencida pacifista, só empunha as armas quando há que defender o sagrado solo próprio, mas então tem que recorrer ao seu pai Zeus, que está sempre disposto a acudir em sua ajuda e a proporcionar-lhe o arsenal necessário, salvo quando Zeus declarou a sua intenção de não entrar no conflito troiano e Atena teve que recorrer a outro fornecedor, para não fazer com que Zeus incorresse na contradição de ser neutro e armar a filha, em benefício exclusivo duma das partes contendentes. Mas em todos os casos em que ela intervém, quando todos os trâmites de conciliação se cumpriram e, só então, uma vez que todas as muito ponderadas e sabiamente meditadas propostas de pacificação tenham sido ignoradas ou seja o caso em que os rivais tenham decidido definitivamente que se prefere o desquite violento, a até essa altura pacífica e equilibrada senhora, imediatamente equipada com as armas cedidas para a ocasião pelo poderoso pai Zeus, arranca como um furacão ao qual só a vitória aplaca. Atena se lança a fundo e não perdoa a ninguém entre os seus inimigos, a nenhum, porque se trata dos mesmos que foram responsáveis de que a paz não seja consumada.

A sua razão reside -diremos outra vez- em que o céu, o eterno, a responsabilizou pela defesa pertinaz. Atena é a representação da vitória final, não só uma deidade do combate entre os homens da terra, e nada pode pará-la no meio do campo de batalha. Isto não obsta para que Palas Atena, embora tenha uma origem guerreira, não seja depois, com a passagem do tempo, o mais benévolo dos juízes e dos seus lábios só saiam propostas de absolução, de perdão para os que estão sendo julgados e contra os quais o tribunal não tem suficientes queixas e, portanto, não sabe que sentenciar. Então, perante a dúvida raciocinada, a gentil dama do céu se converte em intercessora para a sua defesa, em permanente libertadora do réu. Apesar de ficar tão bem definida como protectora dos fracos, como mestra de misericórdia, se dão casos em que a gentil divindade convive com outras interpretações surpreendentemente opostas, como o acontecimento que se narra o que aconteceu entre Atena e a donzela Aracne, como veremos agora.


OS CIÚMES PROFISSIONAIS DE ATENA

Atena, conforme consta nos arquivos mitológicos, nem conheceu homem nem se preocupou por nenhum deles, fosse mortal, semi-divino ou plenamente entronado no Olimpo. Mas a deusa-virgem também foi a sagrada inventora da maior parte das coisas e dos ofícios úteis para a humanidade que nela confiava. Entre as suas invenções está a fiação e o tecido e, nessas questões, os seus ciúmes profissionais eram tão fortes como os de uma mulher apaixonada no amor. Pois bem, há um momento na crônica de Atena em que surge a paixão e a divina dama perde o controle dos seus temperados nervos de aço. O caso foi que Aracne, princesa de Lídia, que era uma hábil e primorosa donzela com o tear, elaborou uma tela maravilhosa, que teria que ser a sua última obra. Atena teve nas suas mãos o pano de Aracne e, à medida que o examinava, crescia a sua irritação, porque o pano da princesa era mais belo do que nenhum que tivesse visto, tão perfeito como se tivesse sido obra dos poderes celestiais. Aquela demonstração de perfeição e arte era demasiada humilhação para a deusa. Perante o delicado desenho de um Olimpo cheio de quadros plenos de colorido e intenção, em que se descreviam as mais românticas cenas dos povoadores de tão ilustre morada, Atena não soube senão que não devia: destroçar o pano até reduzí-lo a farrapos. Aracne, dolorida ou aterrorizada pela crueldade da sua rival têxtil, suicidou-se, enforcando-se no teto. A vingança de Atena não terminou com a sua morte e a deusa satisfez-se até o infinito, fazendo com que, a partir desse momento, a pobre Aracne passasse a ser uma aranha, com a sua corda de morte transformada em fio salvador que lhe permitiu desandar o caminho da morte até voltar à vida, embora -isso sim- já convertida num inseto pouco engraçado e ainda menos apreciado.


MINERVA RECEBE ATENA EM ROMA

Palas Atena, a deusa grega protectora do antigo centro do mundo, de Atenas, também se muda para Roma com o resto do panteão olímpico e nessas terras se funde com o culto a Minerva, encharcando o rito latino de Minerva, que contava com uma cultura mais imperial, isto é, mais prática e comercial, com a rude personalidade ateniense. Em Roma, Minerva começa a aparecer como uma divindade da inteligência, do pensamento, da memória. Nos idus de março, quando já começa a adivinhar-se a chegada da Primavera e o mundo ressurge, os romanos celebravam os cinco dias de festividade postos sob o patrocínio de Minerva. Eram dias de festa para todos, mas mais nomeadamente para os intelectuais e os artistas; pela sua nova e pacífica condição de senhora da sabedoria e do encanto artístico, sob Minerva ficava a celebração das festas; até os estudantes tinham que pagar aos seus professores e maestros o salário nesses dias, pois era a época dos "minervais", dias impacientemente esperados pelos mestres para receber o seu sempre escasso soldo. Mas a boa imagem de Minerva se vai enchendo, pouco a pouco, das conotações marciais de Palas Atena; apesar de Atena já ser -quando se consolida como defensora do lar grego- uma divindade pacificadora, Minerva recebe a mensagem marcial dos inícios de Atena, e termina por tornar-se uma divindade armada, com aquelas quase esquecidas características bélicas do passado ateniense, até se afastar totalmente entre os bons fiéis romanos do outrora bondoso patrocínio exclusivo do pensamento e do estudo, e chegar a estabelecer-se como a simbólica deusa guerreira que foi originalmente na Grécia, nos seus primeiros passos entre os seres humanos.

UMA DIVINDADE DE SEGUNDA FILA

Na capital imperial, Minerva estava como amostra de reflexão e de estudo, mas com a importação dos mitos deformados, chega a Roma uma muito específica Atena, a definitiva Minerva acaba por estar sempre presente como uma mulher destinada ao culto das batalhas, erguida e desafiante, sempre com o seu capacete de guerra, com o seu escudo e com o seu braço armado. Embora a tradição helênica nos falasse duma bondosa dama, que tinha aprendido na sua infância a dura lição do sangue, de quem se dizia que pedia a Zeus as suas armas só quando se tinha rejeitado a paz; no seu novo papel de avançada religiosa de um império sempre orgulhoso dos seus soldados, agora já se encontra definitivamente afastada do estudo e das belas artes, da invenção de barcos e carros, dos utensílios de lavrar e das indústrias domésticas: o seu papel na sociedade latina é o de guerreira celestial, unida com a sorte dos seus exércitos. A primitiva protectora das profissões liberais, a pacífica e sábia Minerva, fica fora do contexto de partida e passa à luta permanente, mas num segundo plano, atrás de muitas outras divindades masculinas e femininas que lhe ganham em prestígio e em fervor popular, e são outras as que ocupam o seu posto como deusas tutelares das fainas domésticas e do trabalho, da misericórdia e da intercessão pacificadora.


ATENA E MINERVA NA ARTE

Temos a representação mais difundida de Atena, de Palas Atena, na moeda ática e, posteriormente, na moeda grega. Atena é uma divindade que exige estar em solitário, é uma deusa estatuária; por isso é mais fácil vê-la ou recordá-la como efígie soberba, como estátua que preside, do que como uma presença pintada num cenário natural. Também associada a ela estão os seus fiéis ou sacerdotisas, a grega donzela "Kore", que apregoa a sua importância e a sua presença. Finalmente, como deusa tutelar, Palas Atena pode ser encontrada em estátua ou em relevo, em muitas formas de menor entidade, para presidir a casa e dar prova do seu compromisso com os lares e com o ambiente familiar. Minerva, a latina versão da deusa, é outra figura escultórica que se continua vivendo como símbolo de empresas pujantes do século XIX, rematando edifícios e presidindo, de novo em solitário e com majestosidade incomparável, a atividade de uma sociedade industriosa que quer aderir ao progresso, unindo industriosidade e conhecimento, como já o fizera nos seus longínquos dias originais, além na Grécia do esplendor máximo. Minerva é um nome comercial que se pode encontrar em multidão de marcas da Europa e América, quase tão abundantemente como o seu colega divino Hermes ou Mercúrio. Porque é deusa da ação e da vitória, da sabedoria e a prudência, e dela não se recordam veleidades ou devaneios. Minerva se converte, com a revolução industrial, na mais positiva das divindades femininas, na que melhor pode ser corporalizada ao bronze industrial.