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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

DEMÉTER /CERES
DEMÉTER /CERES

DEMETER

DEMÉTER /CERES


Depois de já ter percorrido um longo caminho, à procura da sua amada filha, Deméter decidiu sentar-se a descansar à beira duma senda estreita que cruzava a região de Eusis. Apoiada numa pedra tosca, refletia a deusa sobre a razão da sua infelicidade, pois ainda não tinha encontrado nem rastro da sua filha, quando uma jovem, que vinha tirar água de um poço vizinho que brotava ali mesmo, se aproximou dela com a boa intenção de ajudá-la.

O aspecto envelhecido de Deméter não impressionou a nobre filha do rei Celeu -que na altura governava na Ática-, pois não outra era a jovem de quem falamos, e rogou à deusa que lhe contasse o seu infortúnio. Deméter deu rédea solta à sua imaginação e dispôs-se a explicar à sua jovial interlocutora todas as vicissitudes e azares que pôde imaginar naqueles momentos. E, assim, contou que tinha sido abandonada por uns piratas que chegaram às costas da Ática, e que a crueldade destes malfeitores não tinha limites, pois anteriormente tinham-na raptado e afastado dos seus.

Por isso, encontrava-se tão aflita e desesperada, que se atrevia a pedir da jovem ajuda material. Necessitava encontrar um trabalho no palácio do seu pai, bem fosse de dama de compania,, de ama ou de criada, pois conhecia todas as tarefas próprias das mulheres experientes da Ática. Em definitiva, estava pedindo-lhe ajuda e consolo para não se deixar levar pelo mais abjeto dos desesperos. A filha do rei Celeu intercedeu perante o seu bom pai e, deste modo, Deméter teve a oportunidade de mostrar as suas qualidades e poderes na corte.


AMA DE EXCEÇÃO

Contam as crônicas dos cantores de mitos que assim que a misteriosa viajante se encontrou socorrida pelo rei de Eusis e pelos seus, esqueceu-se depressa dos seus quotidianos sofrimentos e, pelo menos durante um tempo prudente, rejeitou aquela amargura que antes a embargava. Já não se lembrava de quando se encontrava "recostada numa pedra de um desconhecido caminho, com o seu coração desgarrado pela dor, perto duma fonte de águas cristalinas, à sombra de uma espessa oliveira que a cobria com os seus ramos."

Foi encomendado à misteriosa viajante o cuidado de um menino pequeno, Demofonte, filho de Celeu e da sua esposa Metanira. A criança não gozava de boa saúde, pelo qual tinha os seus pais profundamente pesarosos e preocupados; estes tinham recorrido aos mais afamados curandeiros de todos os países, à procura de ajuda para o seu delicado menino e, até essa altura, tudo tinha resultado inútil. Ainda não tinha sido encontrado nenhum remédio para curar a doença ou o mal padecidos por ele.

Mas assim que Deméter se constitui em sua ama e protectora muda tudo radicalmente. E é que a deusa, agradecida pela hospitalidade dos seus anfitriões, quer devolver-lhes de sobra o favor e as atenções que lhe dispensaram. Para isso, amamentará o menino com o seu divinal leite, o alimentará com ambrosia -o manjar malévolo dos deuses-, o embalará no seu acolhedor regaço e o cobrirá do seu salvador hálito. Tentará, também, fazê-lo imortal e imune à dor e à miséria dos humanos; mais, já quase a ponto de conseguí-lo, sucedeu o irreparável.


ESTRANHO RITUAL

Todas as noites, depois que todos os servidores do palácio de Celeu se retiravam aos seus respectivos aposentos, a deusa colocando-o com ternura no colo , aconchegava-o perto de resto de uma fogueira que ela própria tinha aceso. Se propunha a purificá-lo, mediante semelhante ritual, e fazê-lo imortal.
Mas Metanira -que já com anterioridade se tinha surpreendido perante o aluvião de luz que inundava o palácio, devido à presença da mulher misteriosa que sempre cobria o rosto com um véu- seguiu Deméter /Ceres até ao lugar onde a deusa se dispunha a iniciar o ritual salvador e catártico.

Observou com grande temor o modo com o qual a deusa depositava o seu delicado filho entre as chamas da fogueira e fugiu, imediatamente, espavorida. Os gritos da mãe assustaram Deméter /Ceres e, naquele mesmo momento, a deusa descobriu a sua identidade, e numa tentativa de tranqüilizá-la; no entanto, destruiu-se o encantamento. Então Ceres, dado que não podia dar-lhe a imortalidade, decidiu ensinar-lhe uma maneira de atrair para o futuro rapaz os olhares e o agradecimento dos outros mortais. Todas as artes da sementeira, da ceifa e da recolha dos frutos da colheita foram ensinados a Demofonte pela agradecida deusa. Também lhe ofereceu uma belo carruajem, cujos corcéis eram dragões de enormes dimensões e com o qual podia viajar para os diferentes lugares e cantos do mundo com o fim de ensinar a todos os humanos de todas as latitudes os métodos mais idôneos para lavrar e semear a terra, e produzir frutos sãos e copiosos. E, desde essa altura, começam a utilizar-se instrumentos como o arado.


MISTÉRIOS DO EUSIS

Algumas versões que se ocupam do mito da cura de Demofonte nos explicam que Celeu e Metanira tinham mais outro filho, a quem chamavam Triptólemo. E apontam que foi deste último de quem se ocupou a deusa Deméter /Ceres e ao que quis tornar imortal, embora o seu empenho resultasse vão, como já é sabido.

No entanto, todos coincidem em afirmar, fosse qual fosse o protagonista de um mito tão popular, que foi à raiz dos fatos apontados quando teve lugar o nascimento dos famosos mistérios de Eusis.

Conta-se que Demofonte, em agradecimento à deusa, e uma vez que regressou da sua digressão pelo mundo, quis pagar a Deméter com a mesma moeda que dela tinha recebido. E, assim, instituiu umas festas em honra da sua benfeitora.

Tomaram imediatamente um auge inusitado e foram muito bem acolhidas por todos os cidadãos e súditos; até ao ponto em que não houve nenhuma pessoa daquele tempo que não ouvisse falar de tão memoráveis eventos.

Pronto solicitaram que todos participassem como iniciados, pelo qual se instituíram algumas normas que era obrigatório acatar. Tornava-se necessário passar por uma espécie de clausura, denominado "noviciado". Aqui tinha que permanecer um tempo mínimo -geralmente estava estabelecido um ano- ou um tempo máximo de cinco anos. Assim se cumpria com o rito da preparação ou da iniciação. Imediatamente depois acedia-se ao estado superior, por meio do conhecimento doutrinário, à suprema verdade e à perfeição plena.


CERIMONIAL INICIÁTICO

Para conseguir aceder às entranhas dos mistérios e à sua significação e simbolismo necessitava-se da ajuda de outras pessoas já introduzidas na maranha emblemática daqueles e, além disso, havia que superar provas marcadas pelos guardas da ortodoxia dos mesmos.

Os iniciados e aspirantes, como requisito indispensável, deveriam encontrar padrinhos, os quais se encarregariam de apresentá-los perante os sacerdotes ou hierofantas, que eram os únicos que conheciam os bastidores de toda a trama dos mistérios.
Nem todos, no entanto, podiam aceder à situação de iniciado ou aspirante. Só os cidadãos livres, sempre que acreditassem uma conduta impecável, seriam, afinal, selecionados. Os estrangeiros e todos aqueles que, ainda gozando da sua prerrogativa de cidadãos atenienses, tivessem alguma conta pendente com a justiça, ficavam irremissivelmente excluídos e era-lhes negado o seu direito a pertencer ao grupo dos novatos.

Estes mistérios de Eusis, denominados também "mistérios da vida e da morte", desenvolviam-se no maior dos segredos. Nada do que sucedesse depois da cerimônia de iniciado era suscetível de ser narrado pelo novato. Por tudo isso, parece difícil conhecer com detalhe os diferentes dados comprovados que pudessem asseverar as diferentes versões que chegaram até nós através de tais eventos, em muitas ocasiões, de narrações apócrifas e espúrias. Não obstante, sabe-se que na iniciação prevalecia o simbólico e o emblemático.


RECITAÇÃO E MÍMICA

A verdade é que os mistérios da vida e a morte guardavam uma semelhança total com as funções atribuídas a Deméter /Ceres. Como deusa das searas e protectora da agricultura, esta imolava-se na geração do grão e na sua própria corrupção para dar lugar ao nascimento da espiga. O total acabamento seria a ceifa da seara e a recolha da colheita.

Por isso mesmo existia um simbolismo relativo aos pequenos mistérios, os quais se realizavam numa das faldas do monte de Agra. Denominavam-se também mistérios de Agra e eram uma preparação para entrar na segunda fase, constituída pelos grandes mistérios com a sua grande carga expiatória, que a própria deusa tinha legado com a intenção de que o seu nome fosse honrado; em troca, os mortais conheceriam a arte e os segredos da agricultura.

O ritual externo dos mistérios estava estruturado de forma que, uma vez selecionados, os novatos se reuniam à entrada do templo para, em primeiro lugar, ouvir a leitura das leis de Deméter /Ceres. As suas cabeças deviam cobrir-se com uma espécie de coroa de mirto, e dos seus corpos e mãos se desprendia uma odorosa fragância que os diferenciava da multidão lá reunida. Os novatos participariam ativamente na recitação da lenda sagrada, e entoariam hinos e ladainhas em honra da deusa. Iniciariam representações mímicas para mostrar que dominavam a linguagem do corpo e, por fim, entrariam no recinto sacro. Nada do que lá vissem poderiam, no futuro, revelar.


CERIMÔNIAS DOS GRANDES MISTÉRIOS

Aos pequenos mistérios seguiam-se os grandes Mistérios; estes se celebravam no mês de Setembro e o mais sobressalente de todo o seu ritual era a cerimônia das abluções marinhas, absolutamente necessárias para que os admitidos a participar na procissão mística dos iniciados de Eusis pudessem aceder à purificação e expiação prometidas pela deusa Deméter /Ceres.

A procissão decorria pelos caminhos de Eusis e no seu longo percurso tinham lugar manifestações diversas. Se entoavam cânticos e se representavam cenas relativas ao mito de Deméter /Ceres. Ao chegar a noite, se ouviam os gritos e as vozes dos atores e dos participantes: assim dava-se conta da dor que a deusa devia ter sentido ao ver-se separada da sua querida filha, e ao procurá-la e não encontrá-la.

No entanto, alcançava-se o verdadeiro significado dos mistérios ao chegar ao pórtico do templo de Eusis, fato que acontecia já bem de noite. Lá se realizavam as CERIMÔNIAS mais carregadas de sentido, dado que iam acompanhadas por ensinos doutrinários e por um ritual verdadeiramente chocante. O que importava era dar rédea solta à imaginação e surpreender os presentes com atos mais exotéricos do que esotéricos, mais reais do que aparentes. Com todo este cerimonial, relativo aos grandes mistérios, os hierofantas pretendiam exclusivamente impressionar os iniciados e fazer-lhes ver a grande complexidade inerente à procura de Prosérpina por parte da sua mãe -a deusa Deméter /Ceres-, que trocou a grandiosidade do Olimpo pelos empoeirados caminhos terrenos.


TRÊS DIAS DE FESTA

O mais absoluto dos segredos, acerca de tudo o que os sacerdotes ou hierofantas lhes tinham mostrado no interior do templo, devia ser guardado pelos iniciados. Todos os narradores de mitos coincidem no citado comentário; daqui que haja diversas e desencontradas versões sobre os mistérios de Eusis. Mas no que sim concordam todos os estudiosos da mitologia é em apontar a celebração de outro mistério, ainda mais seletivo do que os já mencionados. Trata-se das denominadas Tesmoforias, celebrações nas quais se misturava o lúdico e o místico, e que também foram instituídas na Ática para comemorar a magnificência da deusa Deméter /Ceres.

Estas festas desenvolviam-se em Outubro, por um espaço de três dias, aproximadamente; tempo no qual, de resto, durava a sementeira. Nelas unicamente participavam mulheres e, tanto os meninos como os jovens e os anciãos, tinham proibidas quaisquer aportações às mesmas. No caso de algum homem violar a proibição de participar nas Tesmoforias seria castigado com a pena capital. Não podia ficar incólume, nem livre de culpa, quem ousasse faltar ao preceito de profanar com a sua presença os lugares onde tinha lugar a celebração de tão seletivas festas.

Além disso, as mulheres que tomavam parte nesse ritual tinham-se preparado com antecedência e, geralmente, deveriam ter mostrado honestidade e sobriedade, ao mesmo tempo que lhes era exigida, do mesmo modo, a mais perfeita purificação. No primeiro dia caminhava-se em procissão, no segundo praticava-se o jejum e no terceiro realizavam-se sacrifícios e havia um banquete.


O BOSQUE SAGRADO

Contam as mais ancestrais lendas relacionadas com a deusa Deméter /Ceres que, em certa ocasião, um filho do rei de Tessália, chamado Erisictião -e, de resto, temido entre os seus súditos e achegados por causa dos seus modos violentos e intemperantes -, não ouviu o mandato da deusa e cortou um bosque consagrado a ela. O castigo que lhe sobreveio foi de natureza tão sutil que só uma deidade o podia ter ideado e aplicado. Depois de inumeráveis advertências a Erisictião, por parte da deusa Deméter /Ceres -que se apresentava diante dele transformada numa célebre sacerdotisa, com a sã intenção de apaziguar o seu rude talante-, e uma vez que esta se desiludiu perante tantas tentativas falhas, se propôs apressá-lo para que ceifasse mais troncos, pois deste modo teria suficiente madeira para construir um enorme salão de banquetes, ciente de que Erisictião ia necessitar de uma grande sala para armazenar manjares de todos os tipos. E é que a deusa Deméter /Ceres tinha-o castigado para que sentisse, continuamente, uma tal fome que nenhum alimento pudesse saciá-lo. Tinha gasto todo o seu patrimônio em comida, mas não estava saciado. Antes porém continuava ansioso por comer tudo quanto caía nas suas fauces; mais do que comer, devorava alimentos. Estes já eram de tal maneira escassos que a sua própria filha, ao vê-lo mendigar e pedir alimentos, decidiu recorrer ao poder de transformar-se em escrava, o qual lhe tinha sido concedido pelo seu antigo amante Possêidon. Deste modo, Erisictião pôde tirar benefícios da venda intermitente da sua filha. Mas todos os esforços resultaram inúteis, pois, afinal, aquele terminou, num arrebato de loucura, devorando-se a si próprio.


AMORES SINGULARES

Existem outras lendas em que Deméter /Ceres aparece como protagonista de certos aspectos afetivos e amorosos. Na mais popular delas são narrados os diversos azares pelos quais a deidade tem que passar para fugir do acosso a que é submetida por Possêidon /Netuno.

Contam as crônicas que o implacável deus do mar se apaixonou por Deméter /Ceres quando esta percorria os caminhos, montes e margens à procura da sua querida filha Prosérpina /Perséfone. Acossava-a e pretendia-a continuamente e a deusa não sabia mais o que fazer para evitar o persistente apaixonado. Tratava de mudar o seu aspecto cobrindo-se com toscas vestimentas e, ao mesmo tempo, ocultava o seu rosto com um véu negro; mas tudo era inútil, pois Possêidon, atento aos seus escondidos encantos, seguia as marcas de Deméter. Por fim esta, numa tentativa por acabar com a situação descrita e cansada de sofrer perseguições por alguém a quem não desejava corresponder, tramou um estratagema para evitar os amores daquele. Para tal fim, se transformou numa briosa égua que, em solidão, trotava por campos e vales, mas Possêidon /Netuno, que tinha descoberto o truque, transformou-se em cavalo e, deste modo, pôde conseguir, para dizê-lo de alguma forma, os favores de tão esquiva deusa. Os relatores de lendas explicam que desta união nasceria o mítico alazão Arião ("=o mais veloz"), que se caracterizaria pela rapidez do seu galope. Neste sentido é associado à legendária narração do herói Adrasto e do primeiro cerco a Tebas; este conseguiu fugir da ira dos inimigos, graças ao fato de ir montado no veloz Arião.


SENHORA

Também nasceria da união de Possêidon e Ceres uma filha que se chamaria Senhora, Dona ou Ama, e que chegaria a simbolizar a importância da purificação e da expiação, assim como a necessidade das mulheres participarem nas festas em honra da deidade que cuida da terra lavrada e produtora de frutos. Quis-se ver aqui certo vestígio da sobrevivência maternal e, ao mesmo tempo, acrescentar que na própria celebração das Tesmoforias aparece já carregada de conotações que evocam a necessidade de perpetuação da espécie. E adquire verdadeiro sentido ritual desenvolvido durante as festas em honra da deusa Deméter: jovens mulheres vestidas com túnicas brancas, símbolo da pureza; os cabazes e as cestas que transportam e que contêm a preciosa carga de um menino recém-nascido ou, também, a mítica serpente de ouro, o crivo simbólico, etc.

Outras versões da lenda do acosso a Deméter, por parte do poderoso deus dos Oceanos, diferem substancialmente das já descritas. Não há transformação alguma em égua ou cavalo, senão que a deusa, já exaurida de fugir do acosso do seu pretendente divino, procurou um lugar inacessível e afastado, aonde Netuno não pudesse chegar. Diz-se que foi na mítica região da Arcádia onde Deméter /Ceres encontrou seguro refúgio e, durante um tempo prudente, viveu numa gruta daquelas paragens em solidão e esquecimento. Mas sucedeu então que a terra não produzia fruto nenhum e todo terreno fértil se tornou ermo, pelo qual o deus Pã foi à procura de Deméter e rogou-lhe de novo proteção para o campo e para as colheitas.


UM CAMPO TRÊS VEZES ARADO

Também se narram outras lendas amorosas nas quais a deusa Deméter aparece como protagonista. Segundo estas, existiria um produtivo campo, cuja terra já tinha sido removida e batida por três vezes, no qual se encontrariam a deusa e um jovem por quem se apaixonaria imediatamente. Se tratava do belo filho da plêiade Electra. Fruto da união entre ambos seria Pluto que, na opinião dos antigos clássicos, simbolizava a riqueza e ajudava unicamente os que tinham como normas em sua vida a eqüidade e a justiça.

Algumas versões desta fábula apontam que, mais tarde, Pluto ficou cego, dado que havia gente malvada que possuía riquezas, isto é, que se sentia assistida pelos favores de semelhante dispensador de bens e fortuna. Até nas representações da época se faziam conjecturas a respeito da cegueira de quem personificava a riqueza; pôsto que esta, segundo apregoavam os personagens das comédias do célebre Aristófanes, se repartiam por igual entre bons e maus. Também se especulava sobre a hipótese de que Pluto tivesse sido curado da sua cegueira, em cujo caso o mundo se teria transformado de forma qualitativa, e o materialismo e as relações baseadas em interesses e nos créditos econômicos cederiam lugar a outros aspectos decididamente mais humanos.

A iconografia de todos os tempos representava Pluto portando o corno da abundância e, geralmente, se realçava o seu aspecto juvenil; embora às vezes aparecesse sob a figura de um menino que as ninfas, ou as "Horas", seguravam nos seus braços.


UM HINO A DEMÉTER

O verdadeiro simbolismo mítico da deusa Deméter /Ceres se encontra desenvolvido no "Hino homérico a Deméter", no qual talvez o mais destacado seja a relação constante com Prosérpina, a sua amada filha. Os fatos expostos explicam o motivo dessa atitude mantida pela deusa, contra a opinião dos outros deuses do Olimpo, e que consistia em seguir por todos os caminhos do mundo o possível rastro da sua filha Prosérpina.

Só os bosques e prados da Sicília tinham sido testemunhas diretas da desaparição da querida filha de Ceres, a deusa que ouviu um grito desgarrador e soube que Prosérpina /Perséfone tinha ultrapassado a fronteira do abismo. O que nunca suspeitou foi que o próprio Zeus tinha tomado parte em tão vergonhosa ação. A verdade é que, depois de ter ouvido o tão aterrador grito, proveniente da garganta da sua filha, a deusa Deméter /Ceres perdeu a razão e apoderou-se dela uma terrível angústia. Para acalmar-se, iniciou uma procura infrutífera e cheia de incerteza. Esteve vagando pela terra durante mais de nove dias e nove noites e nas suas mãos levava duas tochas acesas. Não se concedia descanso nem alimento algum até que, por fim, e já a ponto de desfalecer, encontrou-se com a "titânide" Hécate que também tinha ouvido o terrível grito de Prosérpina e, embora não pôde identificar o seu raptor, no entanto manifestou a Deméter que a cabeça deste se encontrava coberta por escuras sombras. Um dado tão significativo era suficiente para alertar a deusa. Não obstante, decidiu consultar Hélios /Sol -que, da sua altura, se dava conta de tudo- e este confirmou as suas suspeitas: o ladrão da sua filha tinha sido Hades, o deus da escuridão e das trevas insondáveis do abismo.


O RAPTO DE PROSERPINA

Todos os narradores de mitos se ocuparam em relatar o rapto da amada filha de Ceres por parte do deus que tem por morada o Tártaro.

As versões, portanto, variam perceptivelmente, mas a verdade é que todos coincidem em avaliar estas cenas do "hino a Deméter". O cantor do mito situa Prosérpina num lugar paradisíaco e bucólico. Acompanhada por belas ninfas, entretinha-se a apanhar flores silvestres que cresciam entre a erva espessa das verdes ladeiras da Sicília. Nisto, descobriu um narciso, cujo perfume e colorido a atraiu imediatamente; assim que se agachou para acariciá-lo cedeu a terra sob os seus delicados pés e se formou um enorme buraco do qual emergiu a figura de Hades, o deus do Tártaro e do abismo. Agarrou imediatamente a Prosérpina e a introduziu nos seus domínios subterrâneos; a infeliz jovem só teve tempo de gritar e chamar por sua mãe.


O FRUTO DA ROMÃ

Uma vez que Deméter /Ceres descobriu a conjura que se tinha formado para raptar a sua filha Prosérpina, e assim que soube que o fatídico narciso foi colocado intencionalmente por Gêia /Terra, porque assim o tinha ordenado Zeus, negou-se a viver no Olimpo e exigiu a libertação imediata da sua amada filha. O desconsolo da deusa era tal que o próprio Zeus mandou emissários para que regressasse com os outros deuses, pois temia que a raça humana sucumbisse e se extinguisse, dado que todos os frutos estavam secos e a terra permanecia improdutiva. Primeiro foi Íris, o mais veloz dos mensageiros de Zeus e, depois, foram à procura de Deméter todos os outros deuses. Mas esta, enquanto Prosérpina não esteja a seu lado, nega-se a bendizer a terra. Então Hermes, o deus do fogo, desce ao Tártaro exigindo que Hades liberte Prosérpina. Mas o astuto rei das sombras oferece à sua amada uma semente do fruto da romã, com o qual Prosérpina /Perséfone ficará ligada para sempre às moradas subterrâneas e ao seu dono.


ENTRE O ABISMO E O OLIMPO

Desde essa altura, se estabelece que durante seis meses a jovem viverá na morada subterrânea de Hades, enquanto deverá passar outros seis meses com a sua mãe no idílico Olimpo. Deméter /Ceres aceita e, por fim, é resolvido tão obscuro assunto. Já antes, Hades /Plutão se tinha encarregado em dispor a Perséfone /Prosérpina todos os bens do Tártaro: "Aqui tu serás a dona de tudo quanto vive, de tudo quanto se arrasta pelo chão. Tu obterás entre os imortais as maiores honras. Quanto aos homens que tenham vivido na injustiça, encontrarão aqui o seu castigo de todos os dias, pelo menos aqueles que não aplaquem a tua cólera mediante sacrifícios e santas práticas".

Resulta difícil situar o lugar exato onde se encontrava Perséfone /Prosérpina, dado que foram apontados vários. Entre eles, o mais provável corresponde à região da Sicília; também se enunciam possíveis lugares como a Arcádia, a Samotrácia e o monte Cilene.


AS METAMORFOSES

O mito do rapto de Prosérpina /Perséfone adquire em autores como Ovídio uma inusitada força narrativa; os detalhes expostos pelo grande cantor de mitos fazem participar no rapto a própria Vênus, que ordena a Cupido ferir com as suas flechas ao deus do Tártaro para que se apaixone por Prosérpina:

"O deus deste mundo subterrâneo saiu do seu tenebroso palácio e, tendo montado no seu carro arrastado por quatro cavalos negros, visitou a ilha de Sicília. Depois de ter reconhecido que tudo estava em bom estado e não temendo nada pelo seu império, foi para o monte Erix.

Vênus, que reparou nisso, falou assim a Cupido: "Filho, toma estas flechas que os fazem triunfar em todos os corações e fere com elas o terrível deus dos infernos. Tu és Cupido, o vencedor de todos os deuses e do próprio Zeus, Porque é que não usas o teu domínio nas misteriosas sombras do Inferno, pois é a terça parte deste mundo? "

Próximo ao Etna há um lago profundo e extenso que recebe o nome de lago de Pergusa. Está cheio de cisnes e nas suas margens se ouvem sem cessar os seus melodiosos cantos. Por todos os lados existem árvores que dão sombra e mantêm o ambiente numa frescura agradável. A terra se encontra coberta por milhares de flores, reinando sempre uma primavera eterna. Aqui é onde Prosérpina se entretinha apanhando flores, misturando o lilás com a violeta. Sentia um grande prazer em fazer ramos que colocava nos seus seios, disputando com as suas companheiras quem apanhava mais e mais belas flores. Assim a viu Hades e, nesse mesmo instante, amou-a e roubou-a. Prosérpina, espantada, chamou em seu socorro a sua mãe e companheira. Caíram as flores e, perante tão sensível perda, a sua juventude e a sua inocência, desgarrando-se em copioso pranto".


CERES É A DEMÉTER ROMANA

Entre os romanos ficou perfeitamente assimilada Ceres como deusa da agricultura e todas as suas funções foram idênticas à deusa grega Deméter.

No entanto, também foi considerada como uma deusa protetora do casamento e, neste sentido, existia um curioso costume que consista em multar os cônjuges que não tivessem conseguido, depois de certo tempo, uma mútua estabilidade.

Os esposos que se tivessem divorciado deviam satisfazer, no prazo mais breve possível, a quantidade exigida pelos magistrados.

Uma parte da arrecadação conseguida pelo mencionado conceito deveria chegar à caixa do templo de Ceres para assim pagar os gastos de manutenção e cuidado do seu templo e do seu culto. Os seus sacerdotes -ou "hierofantas"- encarregavam-se de distribuir e administrar esse dinheiro proveniente das multas.

Os romanos celebravam as festas de Ceres no mês de Abril e, geralmente, duravam uma semana. Todo o mundo participava nos diversos jogos e atividades programadas em honra da deusa; o único requisito era a obrigatoriedade de vestir uma túnica branca.

Estas celebrações em honra da deusa que bendizia as colheitas eram denominadas Cereália e, segundo contam os narradores clássicos, foram estabelecidas depois de ter consultado os Livros Sibilinos e os oráculos aqui contidos, referidos à sociedade romana e aos seus ancestrais. Neles se dizia que havia que introduzir em Roma o culto à deusa Ceres e a Dionísio /Baco.

Havia outra festa no mês de Julho, que também se celebrava em honra da deusa da agricultura e dos campos, mas, à semelhança da "Tesmoforias" grega, só podiam participar mulheres. Para isso, tinham que cumprir certos requisitos mínimos. Por exemplo, manter-se célibes e puras durante nove dias, cobrir o seu corpo com alvas vestiduras compridas e adornar a sua cabeça com coroas feitas das espigas da colheita que nesse ano se consagrava a Ceres.

Estava prescrito que todas as primícias do fruto da terra tinham que ser levadas perante o altar da deusa para, deste modo, agradecer a proteção de que tinham sido objeto por parte da louvada Ceres. A deusa maternal da terra que dava aos mortais o pão, alimento único e necessário; símbolo, de resto, do necessário equilíbrio do espírito.


DEMÉTER /CERES NA ARTE

Como em muitas ocasiões, as primeiras manifestações artísticas da deusa Deméter /Ceres são simplesmente uma simples pedra ou um tronco de árvore.

Quando, nalguma ocasião, a deterioração dos troncos de madeira era patente, realizavam-se figuras da deusa de materiais resistentes aos elementos essenciais, particularmente ao fogo -pois alguns ídolos de madeira que representavam Deméter /Ceres tinham ardido ao declarar-se um incêndio em alguns dos seus templos na região da Arcádia -; por exemplo, era muito comum utilizar uma matéria-prima como o cobre.
Alguns artistas realizaram figuras da deusa em que aparecia com cabeça de cavalo e portando nas suas mãos um peixe e uma pomba. São representações de Deméter /Ceres alegóricas e carregadas de significação emblemática.

Em certas ocasiões, é mostrada subida numa carruajem puxada por dois dragões alados e levando nas suas mãos frutos e canas de cereais.

É muito comum, não obstante, que apareça rodeada pelos seus atributos mais significativos, e não faltam especialmente nas representações artísticas de Deméter /Ceres a espiga nem a papoula.

No Partenon aparece Deméter /Ceres representada ao lado da sua amada filha Perséfone /Prosérpina e é uma obra devida ao grande artista clássico Fídias.

Existem estátuas realizadas em barro que também representam a deusa Deméter /Ceres. Alguns afrescos de Pompéia mostram-na em todo o seu esplendor. E no Museu de Atenas guarda-se uma cabeça de Deméter /Ceres que se oculta sob as pregas de um véu; procede de um santuário consagrado à deusa.