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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

HERMES /MERCÚRIO
HERMES /MERCÚRIO

HERMES

HERMES /MERCÚRIO


Na mítica região de Arcádia, evocada por poetas e narradores, desde tempos imemoriais, como cenário idôneo para o desenvolvimento duma vida bucólica e tranqüila, nasceu o deus Hermes.

O belo lugar estava considerado, além disso, como o lugar ideal para que todas as lendas acerca do pastoril e do encanto do rústico tivessem lá o seu perfeito acomodo.

Mas o acontecimento mais memorável acontecia, precisamente, quando os dourados raios do sol deixavam que as sombras da noite se apropriassem de campos e vales. E "enquanto o Sono envolvia a Hera, a dos níveos braços", o seu esposo Zeus acudia apressadamente a encontrar-se com a ninfa Maia.


A NINFA DE BELAS TRANÇAS

Numa escura gruta do monte Cirene, oculta pelo acidentado terreno dessa região do Peloponeso, morava a ninfa Maia. Tinha-se recluído em tão recôndito habitáculo, longe do agradável bulício do Olimpo - para dizê-lo de alguma forma - porque não "gostava do trato dos bem-aventurados deuses".

No entanto, permitiu de bom grado que Zeus -o mais mulherengo e caprichoso dos deuses e mortais- a seduzisse. Este, aliando-se com a noite, gozava com assiduidade dos favores e da companhia de Maia, "a ninfa de belas tranças", como dizem os narradores clássicos.


PRECOCIDADE DE HERMES /MERCÚRIO

Hermes foi a conseqüência direta das escapadas de Zeus e, pouco tempo depois de nascer, já lhe conheciam certos dotes que nem sequer uma pessoa adulta poderia levar a cabo. E não faltam estudiosos da mitologia que interpretam a excessiva sagacidade e astúcia do deus sempre na relação causa-efeito, para dizê-lo de alguma forma, com os diversos azares pelos quais o poderoso amo do Olimpo teve que sofrer para que, ao amparo das sombras da noite, voar para a escura gruta da ninfa Maia e saciar-se da sua beleza.

Em resumidas contas, podemos afirmar de Hermes /Mercúrio que teve um bom mestre -nada menos do que o seu próprio pai- na arte de elaborar tramas e resolver impossíveis.

Reparemos senão na diversidade de ações que leva a cabo com uma habilidade inigualável. A primeira delas aparece narrada por todos os cantores de mitos e faz alusão a um curioso roubo que Hermes /Mercúrio realiza com aproveitamento, se se me permite a expressão, e que muito bem podia valer-lhe o título de patrão, ou rei dos ladrões.


FÁBULA DO ROUBO DOS BOIS

Contam as crônicas que Hermes /Mercúrio era apenas um recém-nascido quando, sem ajuda de ninguém, saltou da criva -lugar onde o tinha depositado a sua mãe, Maia, para que lhe servisse como berço, não sem antes embrulhá-lo e segurá-lo convenientemente- e dispôs-se a correr pelos campos e prados.

O tempo decorreu rápido e veloz, o sol já se ocultava no ocaso e Hermes decidiu conservar uma recordação dos vales e das terras por onde tinha passado.
E, assim, tramou um plano tendente a conseguir as suas pretensões, que não eram outras que levar consigo os melhores bois da cabana dos deuses que, à naquela altura, pastavam por aqueles lugares ao cuidado de um guarda excepcional, o próprio Apolo. Embora este, nesses momentos, se dedicasse a outros trabalhos qualitativamente diferentes da tarefa que lhe tinha sido encomendada -alguns narradores de mitos explicam que Apolo tentava convencer uma bela ninfa do maravilhosa que podia ser a sua companhia e do nocivo que, sob todos os pontos de vista, resultava a solidão e a renúncia aos prazeres do amor.

A ocasião foi aproveitada por Hermes /Mercúrio, pois não em vão tinha fama de sagaz, e num abrir e fechar de olhos separou cinqüenta dos melhores exemplares de bois, com o qual a manada ficou sensivelmente reduzida, e levou-os por recantos e caminhos, quase não transitados, sem mais ajuda do que a do seu esperto e talentoso engenho.


PACTO ENTRE CAVALHEIROS

A escuridão da noite protegia a atrevida ação de Hermes /Mercúrio que, não obstante, tinha previsto o seu furto com todos os detalhes. Para que os seus possíveis seguidores não pudessem encontrá-lo, se entretinha em apagar qualquer vestígio da sua façanha. E, assim, obrigava as reses a caminharem de um estranho modo "fazendo com que as patas da frente fossem para atrás e as de atrás para a frente, e andando ele próprio de costas ao conduzí-las ".

Também tramou outros métodos que bem poderiam classificar-se de sofisticados. Entre eles estáo de amarrarar os galhos, arrancadas de frondosas árvores, aos rabos dos animais para que, ao arrastá-las pelo chão, se apagassem as marcas das suas patas.

Como já o dia começava a clarear, o insigne ladrão esconde os animais numa cova e regressa velozmente para a sua cova.

Mas Apolo, que possuía a arte da adivinhação, soube imediatamente quem tinha sido o ladrão do gado dos deuses. Embora Hermes negasse uma e outra vez a sua autoria, a perícia de Apolo ao interrogá-lo pôs em claro a verdade dos fatos. Com grande dissimulo, e vendo-se descoberto, Hermes começou a tocar um instrumento da sua invenção, que ele mesmo tinha fabricado, e cujo melodioso som, atraiu a atenção de Apolo. Vendo Hermes o interesse com que aquele ouvia, presenteou-lhe, e nesse momento tornaram-se amigos. Apolo deu-lhe em troca o seu cajado de ouro e, desde esse momento, nunca mais se prejudicaram; no futuro, este seria o deus da música, ao passo que o seu amigo Hermes teria a proteção dos rebanhos e manadas, e seria conhecido com o epíteto de Hermes "o de áurea vara".


UMA PEDRA POR TESTEMUNHA

Nem todas as versões coincidem em afirmar a maestria e perfeição com que Hermes /Mercúrio levou a cabo o seu roubo . Segundo alguns relatos mitológicos, houve uma testemunha de tão premeditado furto.

Os fatos são narrados pelo grande cantor Ovídio que, baseando-se na "Odisséia" do insigne Homero, exprimia com detalhe tão singular episódio à raiz da transformação e metamorfose da filha do Centauro Quíron. Eis aqui o expositivo relato:

"Em vão chorou Quíron o infortúnio da sua filha perante ti, ó Apolo, não se atrevendo ele sozinho a afrontar o mistério do Destino. .. Mas, naquela altura, tu andavas muito interessado numa aventura amorosa. Portavas uma samarra de pastor e um cajado e uma flauta, e pastavas o gado dos deuses nos risonhos campos de Mêsena. Mas, sonhando amores que pactavas com uma doce música, não reparaste como os novilhos se afastavam de ti, perdendo-se. Aproveitou Mercúrio o teu Sono para roubar-te o gado e escondê-lo nas próprias entranhas da Terra sem ninguém o saber, salvo uma pessoa: o velho pastor Bato, que guardava as éguas do rei Neleu.

Mercúrio, atemorizado por esta testemunha, aproximou-se dela e falou-lhe assim: "Amigo: se qualquer pessoa passar por aqui e te perguntar se tinhas visto este gado, dirás que não. Em prêmio da tua mentira vou-te recompensar com esta bela bezerra. Tomando a prenda, respondeu Bato: "Pode ir com tranqüilidade. O segredo que me confiaram só o saberá esta pedra".

Simulou Mercúrio ir-se embora e, pouco tempo depois, transformado, apareceu de novo, perguntando ao velho pastor: "Bom homem, viu passar por aqui uma manada de vacas e novilhos? Eu rogo que mo diga. Não deve favorecer com o seu silêncio quem mos roubou. Se me disser a verdade, lhe oferecerei uma vaca e um touro". O velho, considerando que lhe era oferecido um prêmio duplo, não teve inconveniente na traição: "O vosso rebanho encontra-se nos arredores desta montanha". Mercúrio, airado, diz-lhe: "Atraiçoaste-me, velho. Quiseste fazer um jogo duplo. Mas vou converter-te na dura pedra que, segundo tu, seria a única conhecedora do meu furto.


A PRIMEIRA CÍTARA DA HISTÓRIA

Apesar da correria descrita, Hermes /Mercúrio é conhecido como o inventor do primeiro instrumento musical digno desse nome. Para isso, no dizer dos diferentes cronistas, se serviu da couraça duma tartaruga que, alheia ao perigo que a espreitava, se encontrava procurando comida entre as ervas da mesma boca escura da cova onde morava o recém-nascido Hermes. Servindo-se de um punção de aço esvaziou toda a couraça da tartaruga e, logo a seguir, cortou umas canas que uniu com tripas retorcidas e secas, as quais utilizou como cordas bem tensas. "Então - segundo podemos ler no Hino a Hércules -, pegando no amável brinquedo que construiu, ensaia cada nota com o arco, e sob as suas mãos soa um ruído surpreendente."


A TARTARUGA: UMA AMÁVEL CRIATURA

Pouco antes de fabricar tão custosa cítara, Hermes /Mercúrio tinha lisonjeado a tartaruga com um palavreado pouco comum, especialmente se provinha de um menino pequeno, e tinha qualificado o indefeso animal como "criatura naturalmente amável". Além disso, tinha-se desfeito em elogios para com ele, talvez com a intenção de que a infeliz tartaruga confiasse, embora também não pudesse fazer grande coisa. Com certeza, a opção da rápida fuga estava vedada ao lento cágado, à "criatura naturalmente amável, reguladora da dança, companheira do festa, em feliz momento me apareceste gratamente. .. Tu serás, enquanto vivas, quem eu preserve dos graves e maus sortilégios e encantamentos: e depois, quando tiveres morrido, cantarás docemente".

Tais considerações, por parte de Hermes /Mercúrio, resultaram reais e certas, dado que ele próprio -ao servir-se da couraça da tartaruga para confeccionar a caixa de ressonância duma cítara-, se encarregará de que assim seja. As suas palavras são, portanto, como uma premonição do que vai acontecer à "criatura naturalmente amável".


COURAÇAS QUEBRADAS

Parece tão exagerado que um menino recém-nascido se dedique aos trabalhos mencionados e que o seu terno coração alimente tanta sanha, que alguns simbolistas prestigiosos se reafirmam na convicção de que a tartaruga aparece, com a sua carga significativa e emblemática, já indicada em episódios míticos do extremo oriente. Existe, a esse respeito, um antecedente onde se mostra a couraça da tartaruga como portadora das linhas que comporão os trigramas do famoso "Livro das mutações" e os dois princípios denominados "Yin" e "Yang". As couraças das tartarugas eram colocadas ao fogo e se quebravam, por efeito do calor. Deste modo, apareciam traços contínuos e descontínuos que, ao combinar-se, proporcionavam diversos significados. Interpretar todo esse conjunto de símbolos estava considerado como uma verdadeira arte.

A tartaruga fazia parte dos mitos orientais e era relacionada com a terra e com o céu, dado que a sua concha superior, com figura de abóbada, simbolizava o céu; e a sua concha inferior, com figura quadrada, representava a terra.


ARROJADO DO OLIMPO

A mania cleptomaníaca de Hermes lhe custou, em certas ocasiões, sérios desgostos; o mais importante deles foi, talvez, a sua expulsão do Olimpo.

E é que não houve atributo de deidade alguma que não sofresse o apetite deste ilustre ladrão. Contam as crônicas que, em certa ocasião, o deus do Amor não pôde disparar os seus dardos certeiros porque Hermes tinha roubado a funda com todas as suas flechas.

Sucedeu a mesma coisa à bela deusa Afrodite /Vênus, que não pôde fazer realidade o sonho de uma das suas conquistas porque o cinto onde guardava os seus encantos lhe foi roubado por Hermes.

Estes e outros roubos incomodaram tanto aos deuses do Olimpo, quem decidiram por unanimidade expulsar Hermes de tão idílico lugar.

No entanto, o poderoso Zeus não demoraria em perdoar-lhe e permitir-lhe, de novo, que se acomodasse na morada dos deuses.

Daqui para o futuro teria um fiel servidor para tudo o que o rei do Olimpo quisesse mandar.


MAIS QUE UM SIMPLES RECOVEIRO

Hermes cumprirá as ordens de Zeus sem duvidar um instante, por muito desagradáveis que estas forem. Tal disposição valeu-lhe o título de mensageiro dos deuses. E será um fiel e implacável executor da vontade de Zeus, o qual o tomará, além disso, como assessor e conselheiro; consulta-lo-á sobretudo com respeito a certos assuntos que, pela sua peculiar natureza, resultam certamente desagradáveis.

Algumas encomendas, que Hermes cumprirá sem vacilar, resultam pelo menos cruéis e desnecessárias. Entre elas podemos citar a ordem de matar o fiel Argo, que custodiava, por mandato da deusa Hera, a vaca que esta tinha recebido como prenda de Zeus - claro que o animal era simplesmente uma das muitas amantes do rei do Olimpo, que este tinha transformado em vaca para eludir a vigilância da sua ciumenta esposa Hera.

Podemos dizer a mesma coisa do episódio de Prometeu, a quem Hermes -sempre seguindo as ordens de Zeus- infringiu um cruel castigo. E tudo porque aquele se propôs sempre como meta ajudar a humanidade. Ensinou os mortais a curarem as suas doenças, propôs a domesticação dos animais e, o que era então mais importante, descobriu para eles o fogo com todas as suas implicações (os deuses acusaram-no de roubo, pelo qual passou à história da mitologia como o ladrão do fogo dos deuses), inventou um alfabeto para eles e introduziu diversos métodos para medir o tempo.

Tais fatos atraíram a inveja, que pouco a pouco se foi transformando em ira dos deuses -especialmente de Zeus-, e foi quando Hermes recebeu a encomenda de acorrentá-lo no cimo do monte Cáucaso. Uma águia seria enviada durante o dia para desgarrar as suas entranhas; durante a noite voltará a restabelecer-se e de novo, ao clarear o dia, se iniciaria o tormento.


SINGULAR AVENTURA

Mas Hermes realiza também ações que preservam os humanos de certos perigos. Isso sucede no episódio que o grande cantor de mitos, Homero, nos relata na sua obra a "Odisséia".

Conta-se a aventura do herói Ulisses quando chega, junto com os seus companheiros, à ilha onde a feiticeira Circe fixou os seus domínios. Num belo vale descobrem o seu palácio, que estava construído de pedra polida.

Circe tinha uma voz tão melodiosa que em breve um dos grupos que tinha formado para explorar aquelas terras se sentiu atraído por ela: "Chegando à mansão da deusa pararam no vestíbulo e ouviram Circe que, com voz pulcra, cantava no interior enquanto lavrava uma tela grande, divinal e tão fina, elegante e esplêndida, como são os trabalhos das deusas".

A verdade é que os amigos de Ulisses se deixaram seduzir pelos encantos de Circe e esta deu-lhes uma beberragem que os converteu em porcos: "Assim foram encerrados e todos choravam, e Circe lhes deu, para comer, bolotas e o fruto do sanguinho, que é o que comem os porcos, que se deitam na terra."


POUCA SORTE

Aconteceu, no entanto, que um dos que iam no desditado grupo, de nome Euríloco, não tinha entrado no palácio de Circe, com medo dos leões, lobos e cães amestrados, que lá se encontravam; ouçamos o relato pela boca do próprio Ulisses:

"Euríloco voltou sem demora ao leve e negro baixel, para informar-nos da amarga sorte que tinha caído aos companheiros. Mais não lhe era possível articular uma única palavra, não obstante o seu desejo, por ter o coração sumido em grave dor; os olhos encheram-se-lhe de lágrimas e o seu ânimo unicamente pensava em soluçar. Todos o contemplávamos com assombro e lhe fazíamos perguntas, até que por fim nos contou a perda dos outros companheiros".

Depois de refletir durante uns instantes, e depois de ter ouvido com grande perplexidade e atenção o relato do companheiro fugido, Ulisses decide entrar no frondoso vale, à procura do palácio de Circe. A sua intenção é resgatar os companheiros e obrigar a feiticeira a desfazer o malefício que pesa sobre eles.


UMA BELA PLANTA DE FLORES BRANCAS

É então quando encontra Hermes /Mercúrio que, precisamente, se encontra naquele lugar para ajudar o herói. O deus se dirige imediatamente ao mortal com sábias palavras: "Ah, infeliz! Aonde vais por estas paragens, sozinho e sem conhecer a comarca? Os teus amigos foram encerrados no palácio de Circe, como porcos, e encontram-se em pocilgas solidamente lavradas. Vens talvez libertá-los? Pois não acredito que voltes; antes ficarás onde estão eles. Mas eu quero preservar-te de qualquer mal, quero salvar-te: toma este excelente remédio, que afastará da tua cabeça o dia cruel, e vai à morada de Circe, cujas más tentativas tenho que referir-te integralmente. Te preparará uma mistura e te dará drogas no manjar, mas, com tudo isso, não poderá encantar-te porque o excelente remédio que vais receber o impedirá".

O próprio Ulisses nos explica de que remédio se tratava: "Quando assim falou, o deus Hermes deu-me o remédio, arrancando da terra uma planta cuja natureza me ensinou. Tinha negra a raiz e a sua flor era branca como o leite, chamando-a os deuses moly, e é muito difícil de arrancar para um mortal, mas as deidades podem tudo."


ODISSEU E CIRCE

A ajuda enviada pelos deuses do Olimpo a um mortal como Ulisses fez com que este pudesse conhecer todos os estratagemas da feiticeira Circe e, graças ao fato de ter seguido à risca os conselhos de Hermes, conseguiu resgatar os seus companheiros e desfazer o terrível encantamento que os mantinha convertidos em porcos e recluídos em pocilgas.

Ouçamos os azares que o nosso herói teve que passar para isso, narrados por ele próprio:

"Hermes foi para o vasto Olimpo, entre a espessura dos bosques da ilha, e eu me encaminhei para a morada de Circe, revolvendo no meu coração muitos planos. Chegando ao palácio da deusa das lindas tranças, parei na ombreira e comecei a dar gritos; a deidade ouviu a minha voz e, levantando-se imediatamente, abriu a magnífica porta e me chamou, e eu, com o coração angustiado, fui atrás dela. Quando me introduziu, obrigou-me a sentar numa cadeira com pregos de prata, bela, lavrada, com um banco para os pés e num taça de ouro me preparou uma beberragem para eu beber, colocando na mesma certa droga e tramando na sua mente coisas perversas. Mais assim que ma deu e a bebi, sem conseguir encantar-me, tocou-me com a vara enquanto me dizia estas palavras:

- Vai agora para a pocilga e deita-te com os teus companheiros.

Assim falou. Puxei pela aguda espada que levava perto da coxa e arremeti contra Circe, como desejando matá-la."

Os conselhos que Hermes deu a Ulisses salvaram-no a ele e aos seus companheiros, dado que Circe foi devolver-lhes a sua figura humana graças pelo herói.

Embora, no entanto, permanecessem na ilha de Circe, hospedados pela feiticeira e as suas donzelas, durante bastante tempo: "Lá ficamos dia após dia durante um ano inteiro e sempre tivemos nos banquetes carne em abundância e doce vinho."


OS PLANOS DE HERMES

Era tal a fama de batoteiro que Hermes tinha entre os clássicos que alguns narradores de mitos interpretaram essa ajuda que prestou a Ulisses sob uma perspectiva ligada aos interesses afetivos do deus.

E, assim, explicam que Circe e Hermes estavam de acordo para reter o legendário herói e os seus companheiros. Deste modo, o astuto deus tinha campo livre, para dizê-lo dalguma forma, para lançar-se à conquista de Penélope, a fiel esposa de Ulisses que, apesar da sua prolongada demora, continuava à espera da volta do herói; e, isso, não sem esforço por sua parte, pois tinha que suportar a presença e o cerco de numerosos pretendentes que davam Ulisses por desaparecido para sempre.
Segundo interpretações do mito, só um candidato pôde conseguir os favores de Penélope. E este não foi um mortal, mas o próprio Hermes, o mais desavergonhado entre os deuses e os mortais. Fruto da união de ambos foi o deus Pã, que veio ao mundo entre as montanhas da legendária região de Arcádia.

Semelhante acontecimento obrigaria a pôr em questão a fama de mulher fiel atribuída, ao longo dos tempos, a Penélope. E a reconsiderar o próprio conceito de fidelidade e a sua possível carência de conteúdo.


MERCÚRIO É O HERMES ROMANO

Antes de se identificar Mercúrio com o deus grego Hermes, parece que tinha personalidade própria e que, pelo mesmo motivo, os romanos o associavam com alguma das suas numerosas divindades relacionadas com a vida quotidiana. Pelo qual podemos deduzir que Mercúrio personificava os atos mais comuns e ordinários da vida.

Mercúrio é considerado, sobretudo, um deus que protege o comércio -o próprio nome da deidade aparece relacionado com os termos "merx", que significa "mercadoria", e "mercari", sinônimo de "comerciar"- e que preside as trocas. Era, pelo mesmo motivo, muito honrado e querido pelos comerciantes romanos, os quais lhe erigiam templos e fundavam associações em sua honra.

A mais antiga e famosa era a confraria dos "Mercuriais" ou "Adoradores de Mercúrio", que costumava ter a sua sede nos arredores da cidade de Roma, ao pé da esplanada das muralhas.

Foi também considerado como o deus dos viajante e reconhecia-se-lhe certa proteção sobre os homens, as sociedades e os Estados.

Foi-lhe erigido um templo em Roma, no Avinteno, muito perto do "Circo Máximo" e a sua festa fez-se coincidir com os "idus" de Maio.


HERMES /MERCÚRIO NA ARTE

Ao princípio era representado como protetor dos caminhantes e, para tal fim, se construíam colunas de pedra ou de madeira coroadas com a cabeça alada do deus e se colocavam, a modo de marcos, em encruzilhadas e limites.

Em outras ocasiões aparecia presidindo jogos desportivos e a sua figura era a de um adolescente que portava a palma e a coroa do vencedor.

São numerosas, também, as representações de Hermes /Mercúrio sob a figura de um jovem de grande beleza, alternando com a efígie de um homem maduro e robusto.

Freqüentemente, era representado levando um cordeiro aos ombros, dado que este animal faz parte do grupo que compõe os atributos do deus; os outros animais são a tartaruga e o galo.

No entanto, o mais característico de todas as representações em que Hermes /Mercúrio aparece é o seu caduceu, o qual tinha certas propriedades, tais como fazer dormir os humanos, atrair as almas dos defuntos e fazer com que tudo o que se tocasse com ela se transformasse em ouro. Era, portanto, um símbolo de abundância e riqueza; e, como tal, figura nos nossos tempos nos emblemas e logotipos das Câmaras de Comércio.

Freqüentemente, representa-se Hermes com o seu capacete alado e com o seu corpo coberto com uma capa.

Foi venerado em numerosos lugares, entre os quais se destacam a mítica Arcádia e as terras de Beócia e Etólia.

Em Creta celebravam-se uns festejos relacionados com o deus Hermes que, no dizer dos cantores de mitos, eram parecidos com os saturnais. O seu maior atrativo consista em que, no tempo que durassem as festas, os criadores e os criados se intercambiariam as funções que verdadeiramente lhes correspondiam.

No museu de Nápoles se conserva uma estátua de Hermes na qual o deus aparece sentado sobre uma rocha e atando as correias das suas sandálias.

Também há estátuas do deus Hermes /Mercúrio no Museu Britânico, no do Capitólio de Roma e no do Louvre.