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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

DEIDADES DAS ÁGUAS
DEIDADES DAS ÁGUAS

SEREIA

DEIDADES DAS ÁGUAS. OCEANO


Os antigos pensadores, quando estudavam o universo, encontravam-se condicionados a interpretá-lo segundo os escassos conhecimentos daqueles tempos. Muitas das teorias cosmológicas eram mais míticas que científicas. Embora tivesse sido Aristóteles -um dos mais prestigiosos filósofos de todos os tempos- quem afirmasse que a mitologia era já uma maneira de fazer filosofia. Não obstante, permitam-me emitir um juízo pessoal a esse respeito, que não é outro que a evidente suspeita de que, sob a nossa atual perspectiva, podemos considerar a maioria dos acertos aristotélicos bastante mais próximos da especulação mitológica do que da reflexão proveniente de um talante claramente racional e, além disso, filosófico; dito seja com todos os respeitos e sem ânimo de ferir suscetibilidades dos ainda numerosos guardas da ortodoxia.

E, assim, julgava-se que o Oceano era uma espécie de imenso rio - "poderosa corrente do rio Oceano", dirá Homero na sua obra "A Ilíada"- que rodeava esse disco esmagado que era a terra, pois de semelhante modo se concebia a forma externa do nosso planeta naquela altura.

Na genealogia mítica de Oceano encontramos que os narradores de mitos o fazem descendente de Urano, personificação do céu, e de Gêia, símbolo da Terra. Da sua união com Tétis - que vivia com as restantes "Nereidas" no fundo do mar e era representada iconograficamente conduzindo uma enorme concha, semelhante a uma faustosa carruajem, puxada por golfinhos - nasceriam as três mil "Oceânides" ou ninfas marinhas que, geralmente, a tradição mítica identifica com as "Nereidas".


CALIPSO

Uma das mais célebres foi Calipso, que acolheu Odisseu/ Ulisses quando este chegou, meio perdido e sem rumo, empurrado por uma espetacular tempestade, à ilha onde aquela morava. Calipso apaixonou-se por Odisseu/ Ulisses e ofereceu-lhe tais presentes, como a imortalidade, para que não se fosse embora do seu lado. Mas o mítico herói rejeitou os diferentes oferecimentos da sua anfitriã, pelo que Calipso o reteve na sua ilha até que, por intercessão de Atena perante Zeus, este enviou Hermes aos domínios da "ninfa das belas tranças", com o mandato de que deixasse Ulisses em liberdade. Encontrou-o "sentado na praia, sem que os seus olhos secassem o contínuo pranto, e consumia a sua vida suspirando pelo regresso, pois a ninfa já não lhe era grata. Obrigado a pernoitar na profunda cova, dormindo com a ninfa que o amava sem que ele a amasse, passava o dia sentado nas rochas à beira do mar e consumindo o seu ânimo em lágrimas, suspiros e dores, cravava os olhos no mar estéril e derramava copioso pranto".


A PARTIDA

Calipso, obrigada pelo mensageiro de Zeus e movida por compaixão pela dor de Odisseu/ Ulisses, permitiu que este partisse para Ítaca e ajudou-o nos preparativos: "Deu-lhe um grande machado que pudesse manejar, de bronze, afiado por ambas partes, com um belo cabo de oliveira bem ajustado à mão, e levou-o a um extremo da ilha onde tinham crescido altas árvores -choupos, álamos e o abeto que sobe até o céu-, todos os quais estavam secos há muito tempo e eram muito duros e de propósito para se manterem flutuando sobre as águas. E assim que lhe mostrou onde tinham crescido aquelas grandes árvores, Calipso, a divina entre as deusas, voltou para sua morada, e ele pôs-se a cortar troncos e não demorou em dar fim ao seu trabalho. Derrubou vinte, que desbastou e poliu habilmente. Calipso, a divina entre as deusas, trouxe-lhe umas brocas com as quais furou o herói todas as peças, que uniu depois, segurando-as com pregos. Lavrou o convés, protegeu-o com vime tecido, lastrou-o com muita madeira e construiu um leme. Entretanto Calipso, a divina entre as deusas, trouxe-lhe tecido para as velas, e Odisseu /Ulisses construiu-as com habilidade.

No quarto dia já todo estava terminado, e no quinto despediu-o da ilha a divina Calipso, depois de o lavar e vestir com perfumadas roupas. Entregou-lhe a deusa um odre de vermelho vinho, outro grande de água, um saco de provisões e muitos manjares gratos ao ânimo, dando-lhe favorável e plácido vento".


BOSQUE FRONDOSO E PERFUMADO

Tudo o sucedido entre Odisseu/ Ulisses e a ninfa Calipso se encontra exaustiva e liricamente descrito na quinta rapsódia da Odisséia, que Homero intitula "A Balsa de Odisseu/ Ulisses". Lá se explica como a ilha estava repleta de um frondoso bosque tão cheio de perfume que até o próprio mensageiro de Zeus, isto é, Hermes, ficou apaixonado por aquele lugar. A ninfa encontrava-se, com freqüência, no interior de uma enorme gruta e tinha uma lançadeira de ouro com a qual tecia os seus belos vestidos. Também, "junto da profunda cova estendia-se uma vinha florescente, carregada de uvas, e quatro fontes brotavam, muito perto uma da outra, deixando correr em várias direções as suas águas cristalinas".


NEREU

Todas as "Nereidas", tanto as mais famosas e representativas como as menos conhecidas, são filhas do "ancião do mar", isto é, de Nereu, de quem o grande narrador de mitos que foi Hesíodo nos diz o seguinte:

"Nereu é tão bondoso que nunca engana ninguém. Também não esquece as normas da eqüidade e a justiça; e não tem mais pensamentos senão os relacionados com a justiça e a retidão".

Contam as lendas que Nereu vivia no fundo do mar, num palácio cheio de luz e rodeado pelas suas filhas, as Nereidas, e por outros personagens e gênios marinhos. Por exemplo, com ele vivia Proteu, que também era reconhecido com o título de "ancião dos mares". Depois estava Forcus que personificava, de forma especial, a espuma das ondas. Também tinha à sua beira outro gênio marinho, de nome Taumante, que simbolizava o reflexo dos raios do sol nas águas e enchia o mar desse colorido e beleza que lhe é próprio. Outras versões relacionam Taumante com o arco-íris que sai depois das tempestades e com as três "Harpias" míticas: Ocipete, a de veloz voo; Celeno, a que personifica a mais terrível escuridão; Aelo, associada ao vento forte e rápido.


REVELAR ANCESTRAIS SEGREDOS

O benfeitor Nereu tinha o dom da profecia e, além disso, era evocado pelos marinheiros quando se encontravam em dificuldades perante a força e a bravura do mar, pois supunha-se que estava dotado de ancestral sabedoria. Até um herói tão famoso como Hércules /Héracles foi a visitar Nereu para que lhe revelasse o itinerário correto para o Jardim das Hespérides. Ao princípio Nereu negou-se à petição do herói; mas usou a sua força bruta e o ancião rendeu-se ao seu oponente, não sem antes se ter transformado em determinados animais e objetos -pois Nereu tinha o dom de se transformar e mudar de forma- e, deste modo, Hércules /Héracles pôde encontrar o Jardim das Hespérides e roubar as míticas maçãs de ouro. O ancião sábio tinha informado com precisão o herói sobre o lugar exato onde encontraria a apreciada fruta, assim como dos perigos que o espreitariam ao atravessar as diferentes regiões para chegar ao desejado lugar.

A iconografia mais comum mostra-nos Nereu portando um tridente e montando um Tritão -mítico animal marinho que tinha meio corpo de homem e meio de peixe-; o seu rosto aparece sempre coberto por uma espessa barba e, em certas ocasiões, é apresentado também com o seu corpo em forma de peixe. Existem algumas versões acerca de Tritão que o consideram como uma deidade marinha controversa. Os narradores de mitos dizem que mudou de caráter, dado que houve um tempo em que beneficiou os mortais e os heróis; por exemplo, protegeu os Argonautas perante uma tempestade terrível. E houve outra época em que Tritão, apetrechado com um gigantesco caracol -que sempre levava consigo- se dedicava a soprar nele com tal intensidade que o mar se enfurecia e as suas ondas produziam um ruído tremendo, pelo que se convertia em inimigo dos mortais.


ESCILA E CARIBDIS

As águas dos mares também estavam povoadas por sereias que, com o seu canto, tentavam atrair os navios para os escolhos e rochas que rodeavam a ilha onde moravam, para deste modo fazer com que se estampassem e desaparecessem todos os marinheiros que iam a bordo. Mas as criaturas marinhas mais perigosas e monstruosas talvez sejam Escila e Caribdis que, segundo contam as tradições míticas, se encontravam estrategicamente colocadas no estreito de Messina. A primeira delas engoliu em poucos instantes os melhores companheiros de Odisseu /Ulisses. Ouçamos, a esse respeito, o relato de Homero pela boca do herói: "Passávamos o estreito chorando, pois de um lado estava Escila e no outro a divina Caribdis, que bebia de horrível maneira a salobre água do mar. Ao vomitá-la fazia ouvir um surdo murmúrio, revolvendo-se toda como uma caldeira que está num grande fogo, e a espuma caía sobre as cimeiras de ambos escolhos. Mais quando não sorvia mostrava-se agitada interiormente, o penhasco soava ao seu redor com espantoso ruído e no fundo descobria-se a terra misturada com cerúlea areia. Um pálido temor se apoderou dos meus, e enquanto contemplávamos Caribdis, temerosos da morte, Escila arrebatou-me da côncava embarcação os seis companheiros que mais sobressaem pelas suas mãos e pela sua força. Quando quis virar os olhos para a veleira nave e os amigos, já vi no ar os pés e as mãos dos que eram arrebatados e que me chamavam com o coração aflito, pronunciando o meu nome pela vez última, (. ..), os meus companheiros eram levados para as rochas e lá, na entrada da cova, devorava-os Escila enquanto gritavam e me estendiam os braços naquela luta terrível. De tudo o que padeci, vagando pelo mar, foi este espetáculo o mais lastimoso que viram os meus olhos".


PREDIÇÃO DO ORÁCULO

Entre as "Nereidas" sobressai pela sua beleza e altivez Tétis, que pretenderam todos os deuses do Olimpo, incluído o próprio Zeus. No entanto, segundo algumas tradições, parece que ela rejeitou este último por respeito a Hera -esposa, como já sabemos, de Zeus-, que a tinha cuidado e atendido. Outras versões indicam que o oráculo tinha predito que o filho que nascesse de Tétis seria muito mais poderoso do que o pai e, por isso, os astutos deuses preferiram desinteressar-se para evitar possíveis funestas conseqüências e, ao mesmo tempo, enviaram Íris -a mensageira dos deuses- à procura de um mortal que estivesse disposto a ter descendência com a bela nereida. A mensageira dos deuses dirigiu-se para o lugar onde morava o centauro Quíron, o mais sábio e célebre entre os mestres e instrutores da antiguidade. Entre os guerreiros de prestígio e homens ilustres que, na altura, se encontravam em casa de Quíron recebendo os seus ensinos, destacava o jovem Peleu, de ascendência nobre e cheio de coragem e valentia. E nele reparou, precisamente, Quíron para levar à prática os planos dos deuses com respeito a Tétis; de resto, o célebre centauro tinha o jovem Peleu em grande estima e tinha-se erigido em seu protetor. No entanto, a bela nereida não aceita que lhe escolham os seus amantes nem os seus esposos e, portanto, decide rejeitar Peleu para não se sentir humilhada. Então o corajoso jovem, sempre assessorado pelo seu protetor Quíron, elabora um plano para capturá-la à força.


UM FELIZ FINAL

Contam as lendas que Peleu esperou Tétis na entrada de uma cova que esta utilizava com certa freqüência e, assim que apareceu, lançou-se sobre ela e segurou-a com toda a sua força e energia. Em vão a infeliz nereida ensaiou toda classe de estratagemas. Converteu-se em vento, em fogo, em água. ..; transformou-se em serpente, leão, tigre, ave. ..

Por fim, transformou-se numa monstruosa e enorme bossa que arrojava negra tinta contra o seu opressor. Mais tudo foi em vão e, por fim, teve que render-se e aceitar compartilhar o seu destino com tão persistente pretendente. Os esponsais celebraram-se com grande pompa no cimo de um mítico monte da região e os próprios deuses do Olimpo assistiram como testemunhas excepcionais e sentaram-se nos seus tronos de ouro. Também as restantes "Nereidas", as Musas e os Centauros, acudiram ao faustoso ato. Só a Discórdia -filha da Noite, considerada como uma divindade perniciosa- esteve ausente, pois ninguém a convidou para que a cerimônia decorresse plácida e harmoniosamente. No entanto, quando menos se esperava, ela apareceu perante os felizes comensais e arrojou-lhes, como já sabemos, a mítica "maçã da discórdia" com a recomendação de que devia ser entregue unicamente à mais bela entre todas as deidades. E assim se introduziram os desacordos entre os assistentes ao casamento de Peleu e Tétis. Mais uma vez, a Discórdia tinha julgado com precisão o papel que lhe correspondia, isto é, o de estraga-tudo.


ESTRANHO RITUAL

O jovem casal teve vários descendentes mas Tétis, assim que nasciam, asfixiava-os com o seu divinal fogo para que os filhos da deidade não herdassem rasgo mortal algum do seu pai. Peleu começou a suspeitar que estava a acontecendo alguma coisa estranha, pois já eram seis os filhos que morriam ao nascer, e propôs-se vigiar o comportamento da sua esposa; em breve descobriu, com ocasião do nascimento do seu sétimo filho - de nome Aquiles -, que Tétis submetia as ternas criaturas a uma espécie de ritual cruento que os recém-nascidos não podiam suportar. Peleu arrebatou imediatamente Aquiles dos braços de Tétis, antes de que o menino fosse ferido com o ígneo fogo produzido pela divinal nereida e esta, colérica, abandonou para sempre o seu esposo e regressou com as suas irmãs e com o seu pai, No entanto, esteve sempre pendente do seu filho Aquiles e protegeu-o sempre dos diferentes perigos que saíram ao seus encontro durante toda a sua vida de adulto. Por exemplo, e dado que, como guerreiro audaz deveria acudir à guerra de Tróia, a sua mãe procurou-lhes as melhores e mais eficazes armas que até a essa altura se tinham fabricado, obra do mítico ferreiro Hefesto /Vulcano. Não obstante, sucederam muitas coisas ao corajoso Peleu durante a sua vida. Alguns narradores de mitos mostram-no como um personagem que sempre foge dos diferentes lugares que visita; e isso por causa dos acontecimentos em que sempre se encontra imerso, muitas vezes contra a sua própria vontade. Por exemplo, narra-se que Peleu teve que fugir da ira do seu próprio pai porque aquele tinha conjurado com o seu irmão Telamón para matar Foco, meio-irmão de ambos e favorito do seu pai.


DESVENTURAS DE PELEU

Noutra ocasião, Peleu matou o seu companheiro de caçaria de maneira totalmente acidental, mas foi perseguido por isso e teve que fugir. O corajoso jovem também fez parte na famosa expedição dos Argonautas e participou nos diversos jogos fúnebres que, em honra de Pélias -um dos gêmeos de Possêidon e Tiro que mandou procurar o Velocino de Ouro-, tinha institucionalizado o seu único filho homem. As crônicas narram que Peleu foi acolhido na corte do rei da região de Ftia, quando aquele foi expulso da casa do seu pai e que, cansado de fugir e de vagar no meio de tanta violência, se dedicou a cultivar e explorar os pastos e as terras que este monarca lhe tinha doado. Mas a mãe do seu meio-irmão, que nunca desistiu na persecução do rapaz, enxotava, assim que se lhe apresentava ocasião, para os seus rebanhos um feroz lobo, para que os animais de Peleu se dispersassem e fugissem, isso quando não eram devorados pelo sangüinário depredador. No entanto, Tétis, que sempre protegia o seu filho Peleu, converteu o temível lobo numa inerte estátua de pedra. Houve ocasiões, além disso, em que o jovem guerreiro se viu implicado em intrigas amorosas. Particularmente quando rejeitou os oferecimentos da mulher do rei Acasto, que na altura era anfitrião de Peleu, e ela -dolorida e desgostada perante o desprezo de que foram objeto os seus encantos por parte do herói- acusou-o de tentativa de violação. O marido quis vingar a honra da sua esposa e, enquanto Peleu dormia, roubou-lhe a espada e enterrou-a. Quando este acordou, viu-se desarmado e rodeado por centauros em atitude ameaçante. Mas Quíron acudiu, mais uma vez, na ajuda do herói e conseguiu salvá-lo.


COMPANHEIROS DE FATIGAS

As peripécias de Peleu, no entanto, foram tão diversas que, geralmente, sempre se encontrava vagando de um lugar para outro, pois em nenhum lugar encontrava acomodo seguro nem pleno. E, assim, quando o célebre centauro Quíron lhe devolveu a espada, Peleu desafiou quem, com dissimulo e covardia, a tinha arrebatado e escondido. De maneira especial dirigiu a sua cólera contra Acasto, por ter acreditado nas calúnias propagadas pela sua esposa. Como sabemos, não só foi incerto que Peleu quisesse abusar dela, senão que foi esta quem tentou o herói, desejosa de conseguir que caísse rendido aos seus pés. A verdade é que Peleu conquistou a cidade governada por Acasto, até a essa altura seu admirado amigo, e capturou a sua esposa, infringindo-lhe cruel e decisivo castigo.

Peleu também acompanhou o belicoso herói Hércules/ Héracles, quando este organizou a expedição para chegar à região da Capadócia, em cujos territórios habitavam, e governavam, as míticas mulheres guerreiras que a tradição conhecia pelo nome de "Amazonas". Não se permitia aos homens que fizessem parte desta sociedade de mulheres; embora, uma vez por ano, se fizesse uma exceção e aqueles podiam conviver com as Amazonas durante um dia inteiro, decorrido o qual eram expulsos sem nenhum contemplação. Além disso, prescindia-se dos meninos e só eram aceites as fêmeas, que eram adestradas para a caça e a guerra. Hércules e Peleu entrariam no território das belicosas mulheres para recuperar o cinto que tinha sido entregue a Hipólita - na altura rainha das "Amazonas" - como símbolo de comando e realeza.


AS ÁGUAS DO RIO ACIS

Outra das mais célebres nereidas foi Galatea. O seu nome aparece associado sempre com o do legendário gigante Polifemo; embora a mais ancestral tradição assegure que a bela nereida esteve sempre apaixonada por um simples pastor chamado Acis. As controversas circunstâncias em que Galatea se vê metida, por causa deste amor impossível, darão lugar à conhecida lenda do gigante Polifemo. Galatea era filha do ancião Nereu e duma das mais delicadas e belas ninfas marinhas. Todos os encantos da mãe foram herdados pela filha, por exemplo, a delicadeza no tratamento, a figura estilizada do seu corpo, a serenidade de ânimo. .. Não é de admirar, segundo a lei dos contrastes, que um personagem tão deforme e bruto como Polifemo se apaixonasse pela bela e terna nereida. Polifemo era filho da máxima deidade de todas as águas e da ninfa Toosa. Pertencia à raça dos "Ciclopes" que, segundo as mais antigas fábulas, tinham a sua morada nas ilhas do Mediterrâneo. Estes caracterizavam-se por certos rasgos físicos -possuíam um tamanho descomunal e um único olho no meio da sua larga fronte- que, segundo parece, herdaram dos antigos moradores daquelas paragens. Acerca da presente fábula, existem versões diferentes. Uns narradores afirmam que Galatea deu o seu consentimento às proposições amorosas do monstruoso ciclope e acedeu a ter com ele três filhos, cujos nomes foram Ilirio, Celto e Gálate. Outros cantores de mitos, no entanto, explicam que a ninfa se apaixonou loucamente por um pastor siciliano chamado Acis e que este lhe correspondeu. Assim que Polifemo descobriu o romance da sua amada com o pastor foi à procura deste e, num ataque de ira e ciúmes, esmagou-o com uma enorme rocha. O sangue de Acis se transformaria em cristalino rio que, desde essa altura e já para sempre, brotaria sob a enorme pedra que sepulta o desditado jovem.


CASSIOPÉIA

Uma das nereidas mais legendárias foi Cassiopéia que, segundo contam as diferentes narrações míticas, se tinha gabado tanto da sua beleza que lhe sobreveio um castigo por parte de Possêidon. Este, fazendo-se eco dos protestos das restantes nereidas, que se queixavam pela atitude arrogante de Cassiopéia, alagou com uma voluminosa torrente de água o território de Etiópia, lugar onde ela vivia com os seus, e enviou-lhes um monstro marinho que causava pavor entre os habitantes da região. Cassiopéia estava casada com o rei dos etíopes e tinham uma filha chamada Andrômeda. A infeliz jovem teve que ser exposta perante o monstro e atada a uma rocha, pois assim o tinha o prescrito o oráculo quando foi consultado para conhecer a maneira de se livrar de todo o mal que assolava o país. Foi nessa altura quando passou por aquele lugar o valente guerreiro Perseu, que voltava triunfante, depois de ter cortado a cabeça da Górgona Medusa. O herói propôs aos etíopes que acabaria com o monstro marinho se em troca recebia por esposa a bela Andrômeda. As suas pretensões foram aceitas imediatamente e Perseu enfrentou o dragão e venceu-o com facilidade, pois, entre outros objetos aptos para o combate, levava consigo, como arma especial, uma foice de aço puro que lhe tinha sido entregue por Hermes, o enviado dos deuses do Olimpo, pouco antes de enfrentar as três Górgonas. O herói e a bela foram juntos, não sem antes resolver satisfatoriamente certos assuntos, e viveram felizes.


ARETUSA

O bondoso Nereu também foi pai de certas ninfas de extraordinária beleza que habitavam na região do peloponeso. Tal é o caso da jovem Aretusa que, desde a sua mais tenra idade, já formava parte do cortejo da deusa Ártemis /Diana. E, assim, a sua única diversão era a caça; e o seu único prazer consistia em correr pelos bosques e prados com a única companhia do seu arco e o sua alforja. Fiel seguidora da deusa Diana, a ela servia exclusivamente; pelo que rejeitava qualquer proposta amorosa e qualquer pretensão de afeto por parte dos que apreciavam, justamente, a sua beleza sem par.

Entre todos os admiradores da doce ninfa sobressai Alfeu, um dos filhos de Oceano e Tétis, que se encontrava tão apaixonado pelos encantos de Aretusa que, segundo conta a tradicional lenda, foi transformado em rio para assim conseguir unir-se à ninfa, uma vez que esta fosse transportada até os vales de Sicília para que, depois de afastá-la do cortejo das ninfas de Diana, pudesse ser transformada em fonte que acolhesse no seu seio as águas do seu apaixonado Alfeu. Outras versões da feliz lenda explicam que Alfeu era um deus-rio e, em certa ocasião, ao longo da sua desembocadura para o mar, descobriu na espessura dos bosques a bela ninfa Aretusa. Esta continuava caçando e correndo sem que as águas do deus-rio pudessem alcançá-la. Foi nessa altura que os deuses decidiram convertê-la em fonte de cristalinas águas. Diz-se que Alfeu, o deus-rio, atravessava os oceanos e os mares sem misturar-se com a água salobre destes, para assim chegar sem poluir até o lago límpido e puro que formavam as águas do manancial de Aretusa.


NICÉIA

É outra das ninfas relacionadas com um deus-rio. Neste caso trata-se do deus-rio Sangários, que decorria pela região de Erigia e tinha sido engendrado pela união do Oceano e Tétis, a mais famosa das nereidas. Nicéia era o fruto da união entre a deusa da fertilidade e o deus-rio Sangários e, como Aretusa, também não lhe preocupava o amor, mas unicamente a caça. Numerosos pretendentes foram rejeitados pela jovem ninfa, uma e outra vez. Entre estes destaca um simples pastor chamado Hino que professou por Nicéia um especial favor, embora nunca fosse correspondido. Os narradores da presente lenda explicam que Hino ficou meio louco de amor pela bela ninfa e que, ao sentir-se definitivamente relegado por ela, perdeu toda a compostura e respeito, até ao ponto que tentou violá-la. Mas Nicéia, ao ver-se atacada pelo pastor frígio, tensou o seu arco e, apontando para o seu agressor, disparou uma certeira flecha que lhe produziu a morte.

Mas, segundo explica a tradição popular, houve um personagem mítico que conseguiu seduzir a arisca e bela ninfa. Trata-se, nem mais nem menos, que de Dionísio /Baco, o deus do vinho que, valendo-se duma engenhosa cilada, se uniu à ninfa Nicéia e teve com ela vários filhos, entre eles Sátiro. O astuto deus, sabedor da atitude esquiva da bela Nicéia, inventou um plano para conquistá-la sem esforço. Para isso, seguiu-a com cautela e espreitou-a teimosamente. Quando a ninfa foi saciar a sua sede a um manancial de água fresca e cristalina, o deus Baco aproveitou para converter a água em vinho e Nicéia embebedou-se, e consentiu em jazer com o seu enganador.


NERITES

Muitas outras filhas teve Nereu, o ancião sábio que habitava no mar e o tranqüilizava. Todas tinham em comum atributos relacionados com a beleza física e a transparência das águas que habitavam. Os humanos tinham em grande apreço as "Nereidas" e erigiam altares em sua honra; consagravam-lhes bosques, vales, montanhas, fontes, rios e mares. Ofereciam-lhe mel, azeite e leite, quando se tentava iniciar uma viagem longa e perigosa, para predispô-las favoravelmente. A iconografia de todos os tempos representava as "Nereidas" dentro de um conjunto onde se destacavam cavalos marinhos sobre os que cavalgavam e, em ocasiões, portavam nas suas mãos uma coroa que simbolizava o poder sobre as águas e sobre as criaturas que se movem, e moram, nas suas abissais profundidades. A tradição popular, não obstante, identifica-as com as sereias e associa-as com uma imagem mista, meio forma humana e meio cauda de um grande peixe.

No entanto, convém destacar que o ancião Nereu teve um único filho homem, ao qual pôs o nome Nerites. Realmente, tratava-se de um belo efebo que até as deusas mais belas pretendiam. Inclusive Afrodite /Vênus -a deidade que mais sabe acerca do amor e do afeto- se apaixonou por Nereus. E contam as crônicas que foi tal a influência que aquele exerceu sobre a deusa que até quis levá-lo para o Olimpo, o monte sagrado e idílico onde habitam os deuses. Para isso, a divinal Vênus doou umas asas ao belo Nereus que este rejeitou, alegando que desejava continuar vivendo entre os seus e no seu meio, isto é, no Oceano. Vênus ficou colérica e converteu o jovem efebo num caracol e fixou-o numa rocha; tirou-lhe as asas e ofereceu-as a Eros, o seu novo acompanhante.


O AMOR DE POSSÊIDON

Existiam outras versões da presente lenda que explicavam que também Possêidon se tinha apaixonado por Nerites e que este lhe correspondia. Mas quando seguia o deus do mar, o jovem efebo fazia-o a grande velocidade, pois nadava com tal rapidez que ninguém podia igualá-lo. Os ciúmes e a inveja apoderaram-se de Possêidon e, num arrebato de fúria, transformou Nerites em concha e incrustou-a e fixou a uma rocha marinha.

Parece pouco verossímil, no entanto, a versão citada dado que ninguém conhecia os caminhos do mar, nem sulcava os imensos oceanos, como o próprio rei das águas, o grande Possêidon, a quem corresponda o domínio sobre a superfície e o fundo de mares e oceanos. As profundidades abissais do mar Egeu albergavam o palácio de Possêidon e, quando o propusesse, podia levantar ondas imensas e enfurecer as águas outrora tranqüilas de longínquos mares. Além disso, todos os monstros marinhos lhe deviam obediência e acatamento, como o resto das restantes criaturas que moravam nas águas. Portanto, Nerites era um vassalo de Possêidon, um servidor seu e, enfim, uma criatura inferior ao rei de todas as águas, mares e oceanos. Como Possêidon participou na conjura que reuniu os seus irmãos contra Crono /Saturno -o pai que devorava os filhos assim que nasciam, para que nenhum deles lhe arrebatasse o trono ao crescer-, correspondeu-lhe o domínio sobre as águas.


AS NÊIADES

Os rios, fontes e mananciais encontravam-se protegidos pelas Nêiades. Estavam consideradas como deusas menores e tinham a sua morada nas tranqüilas águas da fonte, manancial ou rio que as tinha engendrado. Em ocasiões viviam também nas cavernas construídas pela erosão marinha, e até habitavam nos frondosos e húmidos bosques regados pela chuva e banhados por rápidas torrentes. Havia também Nêiades nas margens do mítico rio Leteu, célebre porque orlava a beira dos Campos Elíseos e se metia nas grutas e cavernas infernais do Tártaro. Era, pois, um rio do inferno e nas suas fedorentas águas bebiam todas aquelas almas dos mortais que desejavam esquecer o seu passado culpado e venal. As peculiaridades de que se revestem as Nêiades, ao longo dos tempos, quase não variaram. Sempre aparecem, em último termo, relacionadas com determinadas lendas que têm a sua origem na mais ancestral tradição. Não há fonte, rio ou manancial que não tenha a sua Nêiade protetora e, geralmente, todas competem em beleza, doçura e serenidade. As Nêiades eram muito belas e mantinham-se sempre jovens, pelo qual se lhes pedia, com freqüência, conselho e ajuda. Daqui que desenvolvessem qualidades e virtudes proféticas e saudáveis. O seu canto e a sua música tinham a propriedade de apaziguar a crua realidade em que os mortais se viam imersos. Todos acudiam a elas à procura de ajuda para que acalmassem a sua angústia e inquietude interiores. Eram-lhes sacrificados animais, cabras e cordeiros, e produtos e frutos da terra, como mel, leite, vinho, azeite e flores. Eram as mais benéficas de todas as criaturas.