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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

MITOS E LENDAS DE ESPARTA
MITOS E LENDAS DE ESPARTA

MITOS E LENDAS DE ESPARTA

 

 

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Por baixo da história convencional, e ajustada a metodologias que se presumem empíricas -posto que manipulam provas e dados avaliados pela experiência pessoal e dos quais se deduzem outros, cuja peculiaridade essencial lhes vem dada pela convenção, em muitos casos radical, de que, graças a eles, se alcança a categoria do objetivo e se vislumbra a aportação científica-, decorre a denominada intra-história. O seu fluir vai na direção oposta a qualquer ordem racional ou lógica e, entre os labirintos do seu emaranhado leito, surge o mito e revive a lenda. Por isso podemos deduzir que não há história sem mito e lenda, nem mito e lenda sem história. De maneira que conhecer Esparta, também sob a perspectiva do mito e da lenda, pode resultar imprescindível se queremos que as nossas especulações metodológicas alcancem um mínimo rigor. Para falar da Esparta mítica, devemos remontar-nos à descrição da lenda de Eurotas, rei da região de Lacônia e ao qual a tradição popular atribuía a personificação do deus que leva o seu nome. Contam os narradores de mitos que este soberano se propôs aproveitar a água estancada da extensa região de Lacônia, para o qual construiu diques de contenção que formaram cursos de água que desaguaram numa corrente comum que se denominou, a partir de então, rio Eurotas. Com respeito aos antepassados de Eurotas, a opinião mais aceita é que era filho de Miles, de quem herdou o trono da Lacônia, e neto do mítico ancião Lélege, o célebre herói que nasceu da bela ninfa Líbia. Esta tinha como antepassado mais significativo o deus-rio Nilo e, segundo a tradição, esteve unida a Possêidon, deidade que governava oceanos e mares. Além disso, é reconhecida como a heroína epônima da própria região da Líbia.


LENDAS DO RIO EUROTAS

Esparta é também a mãe de vários heróis reconhecidos por toda a tradição clássica como os seus descendentes diretos. Entre eles convém destacar Hímero que, segundo algumas versões, representava a ânsia de amor e de afeto, pelo que pode aparecer associado com o próprio Eros e, em certas ocasiões, foi considerado como uma deidade menor. Fazia parte do cortejo da bela deusa do amor, Afrodita /Vênus. Outras versões, mais assentadas na tradição popular, viam em Hímero o mais qualificado descendente de Lacedemon e Esparta, os soberanos da região da Lacônia.

A lenda mais estendida relata que Hímero tinha uma irmã chamada Asine -nome que deu origem a uma das cidades assentadas no terreno lacedemônio- com quem praticou incesto e, ao tomar consciência da sua brutal ação, com sinais de arrependimento, atirou-se ao rio Eurotas com a intenção de perecer afogado sob as suas águas. Desde então, e em memória de um herói que soube reconhecer os seus erros, arraigaria entre os cidadãos de Lacedemônia o costume de chamar Hímero ao antigo rio Eurotas. Como vemos, as duas versões descritas diferem substancialmente quanto à forma de narrá-las mas, não obstante, se as analisamos com atenção, chegaremos a concluir que coincidem em certos aspectos passionais e amorosos. Tudo isso significa que a distância real entre uma versão e outra é quase imperceptível e que, além disso, as duas juntas compõem um claro aspecto animista do mito.


"CHUVA DE OURO"

Outro filho de Lacedemon e Esparta foi Amidas que aparece sempre relacionado com a sua irmã Eurídice e com o infeliz efebo Hiacinto. Da primeira diz-se que foi mãe da bela Dânae, e do segundo, contam os relatos mitológicos que era um jovem tão belo que até o próprio deus Apolo se apaixonou por ele. Quanto a Dânae, quem é que não ouviu alguma vez a encantadora lenda da "chuva de ouro"? Ora bem, conta-se que o poderoso Zeus, rei do Olimpo, se apaixonou por uma bela jovem que vivia aprisionada -por expresso desejo dos seus progenitores, que tinham seguido ao pé da letra as instruções do oráculo- na mais inacessível das torres do palácio onde morava. Outras versões explicavam que a jovem se encontrava recluída numa escura e úmida caverna oculta sob o chão do palácio e à qual unicamente se acedia através de umas sólidas portas de bronze que permaneciam sempre fechadas.

Seja lá como for, a verdade é que à donzela não era permitido sair do seu cativeiro, nem podia falar com ninguém à parte do seu guardião ou do seu carcereiro. Certo dia, quando já a pena a embargava até o incrível e a sua angústia se tornava insuportável, observou que do céu caía uma espécie de orvalho reluzente, como uma fina chuva cor de ouro, que se introduzia por todas as fendas e ocupava todos os cantos da sala onde se encontrava fechada. O seu assombro foi aumentando, ao observar que aquelas diminutas partículas se aderiam a todos os poros do seu corpo e se tornavam consistentes até formarem uma espécie de figura que lhe pareceu divinal. Servindo-se de tão sofisticado ardil, Zeus tinha fecundado a jovem Dânae -sem que os progenitores ou os guardas pudessem evitá-lo. Nunca houve outra engenhosa história de amor de similar laia e, tal como asseguram os relatos da época, o fruto de tão peculiar união foi o famoso herói Perseu.


A ORIGEM DA HISTÓRIA

Contudo, o herói mais famoso de quantos contribuíram para formar a lenda da origem mítica de Esparta, será Tindáreo. Diz-se dele que era filho de um célebre rei de Esparta, chamado Ebalo, e neto de Lacedemon. Corria a lenda, por toda a região de Lacedemónia, de que Asclépio tinha ressuscitado Tindáreo, em certa ocasião, razão pela qual era tido por um dos heróis mais ilustres de Esparta. Diversos eventos conformam a vida de Tindáreo, e entre eles cabe destacar a importância da sua relação com Leda, que conheceu de forma casual, depois de ter sido expulso da Lacedemônia por Hipocoonte e pelos seus filhos, os denominados hipocoôntidas.

Leda era a filha do rei da Etólia, que tinha acolhido Tindáreo no seu palácio quando foi expulso da Lacedemônia; depois de casar com tão ilustre hóspede, Leda teve uma descendência bastante numerosa. Foi mãe de personagens tão importantes como Clitemnestra e Helena e, sobretudo, Castor e Pólux; estes últimos eram conhecidos com o sobrenome de "Dióscuros". As narrações míticas apontam, não obstante, que Helena e Pólux tinham por pai Zeus e que, portanto, só Castor e Clitemnestra seriam filhos de Tindáreo. O deus do Olimpo, mais uma vez, tinha feito gala do seu sofisticado engenho para conseguir os favores da bela Leda dado que, convertido num branco e atraente cisne, conseguiu seduzí-la.


OS JOVENS DO MONTE HELICON

No entanto, todos sabem que os devaneios amorosos de Zeus não teriam produzido senão resultados adversos se não mediassem os "bons ócios" de certos personagens míticos que, segundo a opinião comum da época, bem poderiam ser catalogados como os primeiros e mais perfeitos alcoviteiros de todos os tempos. A sua função consista em entreter a Hera, a esposa do rei do Olimpo, e encobrir Zeus para que este levasse a cabo as suas conquistas sem dar motivo para que aflorassem os ciúmes daquela. Um personagem singular, a ninfa Eco, foi o mais famoso cúmplice de Zeus nos trabalhos descritos. Esta jovem tagarela, loquaz e engraçada, entretinha Hera com a sua conversa enquanto Zeus se dedicava em cheio às suas conquistas entre as ninfas, dânaes, nereidas, musas, jovens filhas dos mortais, etc. Mas, um dia amargo para a infeliz Eco, Hera descobriu o ladino jogo da ninfa e a cumplicidade da jovem com o seu esposo Zeus e, então, presa da mais exacerbada cólera, a esposa humilhada castigou a ninfa e condenou-a a nunca mais poder emitir uma palavra com sentido.

Desde essa altura, a infeliz ninfa só tinha capacidade para repetir as últimas palavras dos seus interlocutores e, isto, trouxe-lhe conseqüências tão funestas como a impossibilidade de ser compreendida ou amada. Recorde-se, a respeito, a lenda do belo efebo Narciso que penou tanto pela ninfa Eco, ao apaixonar-se por ela sem que esta lhe pudesse exprimir os seus próprios sentimentos, e que decidiu abandoná-la. Eco, por força da maldição e do castigo de Hera, apenas podia repetir as últimas palavras que o seu amado Narciso articulava e via-se impossibilitada de comunicar-lhe os seus sentimentos. Tudo terminou em tragédia para os dois jovens que moravam no monete Helicon e, enquanto Eco se transformava numa voz que vagaria eternamente de colina em colina, Narciso estaria condenado para sempre a não poder amar pessoa alguma à parte de si próprio; então há maior tormento do que este?


A CÓLERA DE AFRODITA

Tindáreo não passou muito tempo fora de Esparta pois, segundo o relato tradicional, o grande herói Hércules entregou-lhe o trono depois de vencer Hipocoonte. Os cidadãos de Esparta aclamaram Tindáreo como seu rei e senhor e até chegaram a considerá-lo imortal e semelhante às deidades. Este acolheu na sua corte heróis famosos, como Agamenon e Menelau, que se tinham visto obrigados a fugir de Micenas após a morte do seu pai, o mítico rei Atreu, para não cair nas mãos de perigosos disputadores do trono micênico. Segundo ancestrais relatos, Atreu tinha chegado a governar em Micenas porque tinha previsto que o sol se poria pelo Este; fato que sucedeu, realmente, graças à ajuda do poderoso Zeus, que mudou o curso das noites e dos dias para mostrar aos juízes de Micenas que Atreu era o preferido dos deuses, e não os seus oponentes.

No entanto, talvez o soberano de Esparta pensasse nas suas filhas ao acolher os descendentes de Atreu no seu palácio. Dizia-se que Clitemnestra e Helena se comportavam de uma maneira extremamente frívola devido ao fato de o seu pai, ao fazer a oferenda aos deuses, ter esquecido de evocar Afrodita o que fez com que esta, plena de ira, decidisse castigar a ação de Tindáreo.

Por tudo isso não é de admirar que o pai de ambas as donzelas desejasse procurar-lhes esposo para que parassem nas suas veleidades amorosas e, ao mesmo tempo, ficasse sem efeito a maldição de Afrodita. Ao fim e ao cabo, a falta de Tindáreo tinha sido involuntária e não correspondia com a pena imposta por Afrodita; não tinha que continuar suportando tal vexação que tudo isso significava perante os olhos do povo Espartano e o único modo de solucionar um assunto tão chato era, na opinião de Tindáreo, procurar dois bons esposos para as suas duas filhas.


CORAÇÕES DE PEDRA

Dizia-se que o herói Agamenon -assim como o seu célebre irmão Menelau- eram filhos de Atreu e da princesa Aérope, filha do rei de Creta. Atreu possuía um velocino de ouro e pensava ocupar um dia o trono micênico mas, segundo a narração clássica, a sua mulher apropriou-se dele e entregou-o a Tiestes, seu amante e irmão mais novo de Atreu. E é que para aceder ao trono de Micenas era necessário apresentar um velocino de ouro perante o júri que ia resolver qual dos dois irmãos era o mais idôneo para governar o povo micênico. Como Atreu descobriu o roubo do velocino de ouro, perpetrado pela sua mulher, assim como a infidelidade e o engano de que era objeto por parte de Aérope, que num ataque de cólera arrojou-a para as profundidades do mar e lá se afogou.

Depois voltou-se para os três filhos pequenos de Tiestes -na altura expulso da região micênica- e matou-os para vingar-se. Apesar da sua atual rivalidade, houve um tempo em que Atreu e Tiestes, instigados pela sua própria mãe -a cruel Hipodâmia, filha do rei de Pisa-, conjuraram para matar o seu terceiro irmão, o jovem Crisipo. As crônicas da época contam que, por causa disso, o pai deles maldisse-os e, desde essa altura, foram eternos rivais um para o outro e albergaram sempre um ódio mútuo e feroz nos seus corações de pedra.


LADRÃO DE NÉCTAR E AMBROSIA

O rei de Esparta emprestou o seu exército ao herói Agamenon para que conseguisse expulsar de Argos os intrusos que lá se tinham instalado. Como saiu vitorioso da prova, o povo da Argólide nomeou-o seu soberano e rendeu-lhe honras de herói. Mais tarde casou com Clitemnestra, uma das filhas de Tindáreo, embora antes tivesse que matar Tântalo, o seu anterior marido. Este personagem legendário aparece como protagonista de muitos dos castigos e penas que se infligem aos atormentados moradores dos domínios subterrâneos de Hades /Plutão. No entanto, antes de Tântalo ser condenado a cruzar a laguna Estígia, a bordo da barca do velho Caronte, para chegar às portas do Tártaro ou Inferno, tinha sido mimado pelos deuses e convidado às suas festas. Uma versão muito difundida explica que Tântalo abusou da hospitalidade dos seus ilustres anfitriões e, de forma muito teimada, roubou-lhes quantidades substanciais de néctar e ambrosia -alimentos exclusivos dos deuses-, e distribuiu-os entre os seus amigos, os mortais.

Além disso, não soube guardar em segredo as deliberações e acordos que os deuses tomavam nas reuniões e assembléias às quais Tântalo assistia como convidado. Por tudo isso, e outros comportamentos, Tântalo perdeu o favor dos deuses do Olimpo e foi arrojado para o Tártaro para lá sofrer os castigos que merecia. Uma das penas impostas consista em que Tântalo se encontrava imerso até o pescoço num lago de água cristalina; do seu fundo emergiam árvores frutiferas cujos galhos apareciam carregados de frutos apetecíveis e aparentemente saborosos. Assim que Tântalo pretendia beber das águas do lago, estas sumiam-se imediatamente pela terra e, se queria alcançar os frutos das árvores que o rodeavam, um forte vento desviava imediatamente os ramos até colocá-los fora do seu alcance. Qualquer esforço por parte de Tântalo resultava, uma e outra vez, inútil e encontrava-se condenado a contemplar o alimento e a água sem poder comer ou beber.

Segundo outras versões, o castigo consistia em que Tântalo se via continuamente ameaçado por uma voluminosa pedra a pontos de cair sobre a sua cabeça.


AGAMENON E CLITEMNESTRA

Depois dos eventos narrados, Agamenon e Clitemnestra contraem matrimônio. Mas em breve se verá como a maldição de Afrodita sobre as filhas de Tindáreo acarretará inúmeras desgraças a quem com elas se relacionam.

"Rei de homens Agamenon", diz o grande cantor Homero. E é que, num curto espaço de tempo, este herói converte-se no mais poderoso dos soberanos gregos. Micenas e Argos veneram-no, rendem-lhe honras e elevam-no até o fazer seu dono e senhor. E quando já as condições do mar são favoráveis para navegar, Agamenon parte à frente da expedição contra os troianos. A guerra de Tróia constituirá um dos fatos mais funestos da sua vida pois, por causa dela, tem que deixar sozinha a sua mulher, sobre a qual, não há que esquecer, pesa a maldição de Afrodita. Depois de sair ileso de todos os cruentos combates travados contra os troianos, Agamenon regressa para região de Argos e, ó azarento e cego destino!, aqui é assassinado pelo amante da sua esposa Clitemnestra pois, na ausência do seu marido, esta tinha intimado com o átrida Egisto.


A VINGANÇA

Outras versões que se ocupam do assassinato de Agamenon explicam que Egisto foi ajudado pela sua amante Clitemnestra nesse sinistro trabalho de matar um rival que, curiosamente, era o próprio esposo desta última. O relato dos fatos é importante para julgar com objetividade a decisão de Clitemnestra. O certo é que, quando Agamenon regressa para o seu país, traz consigo uma concubina que lhe tinham designado como parte do saqueio, e isto faz crescer o ódio de Clitemnestra para o seu marido, embora finja alegrar-se do seu regresso e até recebe com grande pompa externa. Por exemplo, rende-lhe homenagem e estende no seu caminho um tapete púrpura, como se fosse na verdade uma deidade, e não só de um herói. Um tapete púrpura estende-se aos seus pés e em sua honra organizam-se festas e banquetes. Agamenon prepara-se para assistir a estes atos, tem a intenção de vestir-se com as suas melhores galas e toma nestes momentos um banho para relaxar-se; então entra o assassino e mata o herói que não tem à mão nenhuma arma para defender-se. A tradição clássica responsabiliza do acontecimento o casal formado por Clitemnestra e o seu amante Egisto pois, sem a cumplicidade de ambos, não teria podido levar-se a cabo tão vil assassinato. Também os acompanhantes do malogrado herói -a sua companheira, a concubina Cassandra, e os seus dois filhos- serão assassinados.

No entanto, há outras versões que absolvem a Clitemnestra e mantêm que nada teve que ver com a morte do seu esposo Agamenon. Além disso, os acontecimentos em questão não se desenvolveram do modo citado, porque foi durante o banquete oferecido em honra do herói quando, tanto este como os seus acompanhantes mais chegados, morreram ao ingerir a sua comida envenenada.


O SACERDOTE DE APOLO

Tinha decorrido muito tempo desde que a expedição, comandada por Agamenon, saíra para Tróia. A guerra já durava dez anos e, segundo contam as crônicas, o herói grego mantinha retida no seu acampamento a jovem Criseida, filha do sacerdote do templo de Apolo, Crises. A jovem encontrava-se na região de Misia quando os aqueus a raptaram e a entregaram a Agamenon que a considerou imediatamente sua amante preferida. Certo dia apresentou-se no acampamento o pai da jovem para rogar ao seu possuidor que a libertasse; até ofereceu pagar qualquer resgate por ela. Mas o orgulhoso Agamenon nem sequer se dignou receber Crises, e ordenou que o expulsassem do seu acampamento imediatamente. O pai da jovem, ferido e humilhado, foi refugiar-se no templo de Apolo e solicitar o favor e a ajuda do deus. Este atendeu a súplica do seu servidor e súdito e enviou, como castigo, uma terrível doença ao acampamento grego. O pânico alastrou-se entre os homens de Agamenon, que já não morriam em combate, mas como conseqüência da peste que o poderoso Apolo tinha espalhado entre eles e, dado que suspeitavam qual era a raiz de tão terrível mal, foram consultar o adivinho Calcante -que também se tinha embarcado na expedição contra Tróia, e tinha o dever de deixar o seu posto quando já não fosse capaz de resolver os enigmas que se lhe apresentaram-, quem confirmou a certeza dos seus temores. Chefiados por Aquiles, os aqueus pressionaram Agamenon para que pusesse a jovem Criseida em liberdade. Contrariado, Agamenon, acedeu a pôr a sua preferida em liberdade e permitiu que a donzela fosse devolvida aos seus. Quase como por mágica, a doença afastou-se para sempre do acampamento aqueu, embora, segundo os relatos clássicos, Criseida levasse nas suas entranhas um filho do seu raptor.


CASSANDRA

Esta personagem feminina aparece em todos os relatos mitológicos carregada de simbolismo e envolvida em lenda. Já desde pequena possuía a arte da profecia e da adivinhação. Era apenas uma recém-nascida quando, na companhia de Heleno -o seu irmão gêmeo-, foi abandonada nas imensas e escuras salas do templo de Apolo. Duas serpentes lamberam as crianças durante toda a noite e, desde essa altura, ambos os irmãos adquiriram o dom da premonição.

As crônicas relatam que Heleno e Cassandra permaneceram bastante tempo sozinhos porque os troianos festejaram o nascimento dos gêmeos durante um dia inteiro. Na manhã seguinte, quando foram procurar as infelizes criaturas, acharam na sua companhia duas enormes serpentes que, com relativa tranqüilidade, lambiam e limpavam os seus olhos e as suas orelhas para que assim, livres de impurezas, os sentidos de Cassandra e Heleno se afinassem tanto que, a partir de então, fossem capazes de ver e ouvir até as coisas ocultas que estavam vedadas ao resto dos mortais por terem os seus sentidos atrofiados.

De Cassandra diz-se também que estava especialmente dotada para a intriga e a conspiração; recorde-se a que teve com Egisto, um dos seus amantes, contra o seu esposo Agamenon.

Outras versões incidem no fato de que foi o próprio deus Apolo quem concedeu a Cassandra o dom da profecia e da previsão. Mas a rapariga, assim que se viu revestida de tais poderes, esqueceu-se de todas as suas anteriores promessas e pôs de lado a sua fidelidade para com a deidade. Então Apolo, colérico, cuspiu a Cassandra na boca para que, no futuro, as suas profecias resultassem sempre desacertadas e nunca chegassem a cumprir-se. Deste modo, a credibilidade da jovem entre os seus viu-se tão reduzida, que já ninguém voltou a confiar nas suas previsões.


HELENA

A outra filha de Leda e Tindáreo foi Helena -embora algumas versões, como já sabemos, fazem de Helena filha do poderoso Zeus-, que casou com um príncipe espartano chamado Menelau. É célebre esta rapariga porque suportou ser seqüestrada por vários personagens míticos; primeiro foi raptada pelo herói Teseu, embora depois a devolvesse aos seus. E depois foi de novo roubada pelo troiano Paris, o que provocou um conflito de consideráveis dimensões; nada menos que uma guerra -a guerra de Tróia- que durou dez anos e deixou a cidade de Tróia destruída.

Helena estava considerada como a mais bela entre todas as mulheres daquele tempo e, por essa razão, teve muitos pretendentes. Alguns narradores de mitos atribuem-lhe, além de Menelau, mais quatro maridos; entre estes destacam-se o grande herói Teseu -célebre porque matou o Minotauro-, Paris -que foi sempre o protegido de Afrodita- e Menelau que, como já sabemos, declarou a guerra aos troianos porque Paris tinha raptado a sua esposa Helena. Também se acrescenta, às vezes, Aquiles -o famoso filho de Tétis que, ao nascer, foi submerso pela sua mãe na lagoa Estígia para o tornar invulnerável- que, ao parecer, tinha estado unido em segredo com Helena graças à ajuda que Tétis e Afrodita lhe propiciaram.

Existem certas lendas que mostram uma Helena revestida de qualidades curativas e, a esse respeito, cita-se a célebre anedota que aconteceu a um poeta popular daquele tempo segundo a qual este teria recuperado a visão -tinha ficado cego por ter recitado uns versos satíricos que ridicularizavam a figura de Helena- ao compor uma nova ode que louvava as virtudes e a beleza da jovem Helena.

Quase todos os narradores de mitos coincidem em afirmar que Helena foi deificada e levada à morada dos imortais pelo próprio Apolo que, ao parecer, cumpria um mandato do poderoso rei do Olimpo. Tudo isto sucedeu porque Orestes, que tinha vingado o seu pai Agamenon e, para isso, matou a sua mãe Clitemnestra e o amante dela Egisto, enlouqueceu por causa das pressões a qual foi submetido no julgamento que se seguiu contra ele por tão horríveis crimes. Segundo uns, Orestes -que tinha sempre atuado com a anuência e a cumplicidade da sua irmã Electra- só devia ter morto o amante da mãe, Egisto e, além disso, deveria ter respeitado a vida de Clitemnestra, que lhe tinha dado o ser.


ORESTES E ELECTRA

O mais característico destes dois irmãos foi a sua comum decisão de levar a cabo uma vingança tão cruel que até alcançou a sua própria mãe. Ambos eram filhos de Agamenon e de Clitemnestra e foi Orestes quem executou a terrível ação de matar a mãe para vingar o pai. Electra tinha salvo o seu irmão Orestes, quando era um recém-nascido, da ira de Clitemnestra; tirou-o do palácio escondido debaixo da sua capa e dos seus vestidos e conduziu-o a casa de um mestre fiel para que o ensinasse e preparasse. Segundo o grande cantor de mitos Homero, a decisão de Orestes foi lícita, e há que louvá-lo por isso, pois fez-se justiça e nem sequer os deuses o perseguirão dado que, como sucede em algumas obras trágicas daquele tempo, foi o deus Apolo quem ordenou a Orestes realizar uma ação tão cruel. Caso contrário, este não teria sido capaz de vencer os seus escrúpulos, e a sua repugnância, perante tão vil e cruel tarefa.

Outros autores explicam esta tragédia sublinhando a fuga de Orestes, perante o horror que sentiu uma vez cometido tão atroz crime. E explicam que, depois de matar a mãe, correu apavorado para refugiar-se no templo de Apolo, pois as Fúrias tinham saído dos infernos para perseguir o culpado de tão espantoso crime.


NOS BOSQUES DE ARÍCIA

Orestes só pôde livrar-se das Fúrias porque Apolo o protegeu no seu templo de Delfos e, além disso, o purificou com o seu deífico poder. Desde essa altura pôde viver em calma e livre de qualquer tormento psíquico. Quando já tinha uma idade bastante avançada, o oráculo aconselhou a Orestes que se retirasse para a mítica e maravilhosa região da Arcádia, lugar onde lhe veio a morte. Segundo algumas lendas, os seus restos foram roubados e expostos à contemplação dos espartanos.

Entre os romanos, não obstante, circulava a lenda de que os restos de Orestes jaziam no templo de Saturno em Roma e, segundo a tradição popular, o mítico herói teria morrido nos bosques sagrados da região de Arícia, lugar onde se erigia o santuário de Diana. Orestes tinha fugido para este atraente lugar, na companhia da sua irmã Electra e, segundo antigos relatos, trazia escondida uma efígie de madeira que representava Diana, entre as vides de um fardo de lenha. Desde essa altura ficaria instituído o culto a Diana nos bosques de Arícia que, além disso, albergariam um límpido lago -o lago de Nemi- onde se olharia a deusa dos bosques e da fertilidade. Habitualmente, este lago era conhecido com o nome de "espelho de Diana" e foi, com freqüência, cenário de ancestrais e atraentes acontecimentos que lá se desenvolveram durante muito tempo.


CASTOR E PÓLUX

O grupo formado pelos gêmeos Castor e Pólux era conhecido com o nome de "Dióscuros", termo que significava "filhos de Zeus". Tinham nascido de um dos dois ovos que Leda depositou depois de ser fecundada pelo rei do Olimpo, quando este, para a conquistar, se transformou em cisne.

Ambos os irmãos possuíam uma beleza excepcional e, segundo a tradição mais comum, tinham-se criado na cidade de Esparta, no palácio de Tindáreo, o seu pai mortal.

Castor e Pólux tomaram parte na expedição que partiu à procura do Velocino de ouro e, ao seu regresso, dedicaram-se a limpar de malfeitores e piratas toda a região espartana. Também tomaram parte ativa na invasão de Atenas quando se descobriu que a bela Helena de Tróia tinha sido raptada pelo herói Teseu. Castor encontrou a morte nas mãos dos seus adversários, num cruel combate ao sopé do monte Taigeto, na Lacônia. Outras versões do mito dos Dióscuros narram a morte de Castor de um modo muito diferente. Ao parecer, morreu ao protestar pela partilha de um roubo de reses que tinha perpetrado na companhia de um personagem legendário de nome Idas. Este era primo dos Dióscuros e tinha-os convidado para a celebração do seu casamento com uma das sacerdotisas do templo de Atena. Idas estava considerado como o mais poderoso e forte entre os mortais e, segundo o relato dos funestos fatos, pretendeu também acabar com Pólux mas, como por magia, Zeus enviou o seu raio contra ele e fulminou-o. Daqui origina-se a lenda que estabelece que Castor era mortal, ao passo que Pólux gozava da imortalidade. No entanto, quando Castor morreu, o seu irmão gêmeo Pólux não pôde suportar a solidão e pediu ao poderoso rei do Olimpo que lhe permitisse morrer também a ele, para assim morar no mesmo insondável abismo que o seu irmão Castor. O poderoso Zeus, não obstante, resolveu devolver a vida a Castor e conceder-lhe também a imortalidade. Desde essa altura, ambos irmãos ficaram divinizados e realizaram um sem-número de façanhas e proezas. Esparta sempre os considerou seus heróis nacionais e, geralmente, os artistas clássicos representaram-nos nas suas obras sempre em plena juventude e cavalgando dois fogosos cavalos brancos Lendas ancestrais identificaram, através dos tempos, os Dióscuros com a constelação de Gêmeos.