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luna

Muitos me perguntam sobre nossos caminhos... 

Muitos tem as sensações de ter andado por entre eles, mas ainda trazem dentro de si o medo da programação que nos impuseram sobre a bruxaria.... 

Porgramações de horror, de medo, de tortura, de rituais macabros onde sacrificios de sangue são feitos a todo o tempo... 
Não, a bruxaria nada tem a ver com essa programação, somos seres do Universo plenos em nossos caminhos de amor, de paixão e dedicação a Natureza, preservamos e amamos o que é mais lindo em nós... "A VIDA" em sua totalidade... 
A vida nos trás a liberdade de escolhas, de sentimentos e ações... e isso é ser bruxa... 
Ser livre, ter asas para redescobrir cada mistério oculto dentro de nós mesmas... quem somos na verdadeira essência... 
Relembrar, Reviver, Reafirmar, a vontade de ser Livre, correr, cantar, sonhar, se deitar sobre a relva em uma noite de luar e reverênciar com toda a emoção a Grande Criadora de tudo o que temos.... Nossa Grande Mãe... 
Carinhos... Luna de Haya... 

Nova camada...

MITOS DE TEBAS E DE CORINTO
MITOS DE TEBAS E DE CORINTO

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MITOS DE TEBAS E DE CORINTO


A história de Tebas começa ao mesmo tempo que tem lugar, na antiguidade, o despovoamento das aldeias e das zonas rurais. Deste modo, vão-se consolidando núcleos urbanos de população denominados "polis". Terão as suas próprias e exclusivas leis, ditadas pelo seu legendário deus mítico e pelo seu herói local, o qual redundará em benefício da comunidade grega dado que cada "polis" procurará, não só o incremento da sua plena determinação até chegar à total independência como cidade mas também pretenderá ultrapassar, intelectual, social e comercialmente, o resto das cidades-estado. Claro que isto também redundará na consecução de certos ares de rivalidade que se converterão em violência mútua. Recorde-se a oposição entre Esparta e Atenas, duas das mais importantes cidades da época clássica. Os tebanos odiavam os atenienses e, por isso, quase sempre estavam do lado dos espartanos na guerra que mantinham entre ambos. Até chegaram a unir-se com os persas na sua tentativa de conquista da Grécia, e as conseguintes lutas contra Atenas e Esparta, nas denominadas Guerras Médicas.

Tebas, "a cidade das sete portas", era a capital da região de Beócia e, segundo a lenda, foi fundada pelo mítico herói Cadmo, que é reconhecido como o primeiro rei desta cidade. Os fatos desenvolveram-se por causa do rapto da bela Europa -irmã de Cadmo- pelo deus Zeus, soberano do Olimpo. Assim que Agenor, rei de Tiro e pai da infeliz jovem, teve conhecimento do triste acontecimento, mandou os seus quatro filhos homens -Cadmo, Ônix, Cílix e Taso- à procura da irmã e ordenou-lhes que não regressassem sem ela à casa paterna. Talvez se Agenor tivesse reduzido as suas exigências e se tivesse mostrado menos implacável com os seus filhos, teria sabido que o próprio Zeus era o único responsável do seqüestro da sua filha Europa.


CADMO

Os quatro irmãos da jovem Europa dispõem-se a pôr em prática o mandato que receberam do seu pai e, de comum acordo, partem em quatro direções diferentes. Dado que o pai lhes tinha dito que não voltassem sem a sua irmã, alguns deles, sem saírem do próprio território e desanimados por não encontrarem seu rasto, estabeleceram-se em cidades famosas que eles mesmos fundaram. Deste modo não voltariam para o lado do seu pai e não receberiam reprimenda alguma ao ver fracassada a sua empresa. Fênix, por exemplo, não saiu da Fenícia e a ele se deve o nome desta cidade. Cilícia é o epônimo de Cílix. Tasso se estabelecerá na ilha de Tasso. E, quanto a Cadmo, se dirigirá para Ocidente em companhia da sua mãe Telefasa, que também tinha sido enviada pelo seu esposo à procura da bela Europa. Mas o caminho era duro e longo e a missão delicada. Quando já tinham chegado às costas trácias, Telefasa morreu; não só por causa do cansaço da viagem mas porque, além disso, se tinha sentido impossibilitada para suportar a tristeza que a embargava por ainda não ter encontrado rastro da sua querida filha. Foi enterrada lá mesmo por Cadmo e os seus companheiros entre amostras de dor. Mas se sobrepuseram imediatamente e dirigirão a sua expedição até o santuário de Delfos com o objeto de pedir ajuda ao oráculo.


A SERPENTE DA FONTE DE CASTÁLIA

No entanto, o oráculo não aportou -aparentemente- luz alguma sobre o paradeiro da jovem Europa. Antes pelo contrário: instou a Cadmo e aos seus companheiros que desistissem da sua inútil empresa. É que o oráculo sabia que o rapto de Europa tinha sido obra do poderoso Zeus e, portanto, toda procura da jovem por parte dos humanos resultaria infrutífera. Além disso, tinha que ter o cuidado de não provocar a ira do rei do Olimpo e, se este chegasse a saber que os mortais notavam a falta da jovem Europa e o acusavam a ele de tê-la raptado, se enfureceria e podia infligir-lhes terríveis castigos. Mais uma vez, o oráculo tinha atinado na sua resposta e, embora Cadmo e os seus companheiros não a compreendessem, nem por isso deixaram de seguir as recomendações do oráculo. Este, além de aconselhá-los que se esquecessem de continuar procurando a bela e jovem Europa, deu-lhes instruções aparentemente disparatadas. Por exemplo, lhes disse que deveriam seguir o rastro de uma vaca e onde ela se deitasse para descansar construiriam e fundariam uma cidade. Cadmo e os seus companheiros conheceriam a vaca porque a cada lado das suas virilhas teria uma espécie de mancha branca e circular, símbolo da Lua cheia. O animal, seguido pela singular comitiva, entrou na região de Beócia e, dominado pela fadiga, terminou deitando-se entre os seus verdes vales. Naquele idílico lugar se assentaria, desde essa altura, a cidade de Tebas. Logo a seguir, Cadmo propôs-se sacrificar a vaca em honra da deusa Atena e enviou os seus companheiros procurar água, para as libações, ao próximo manancial de Castália, do qual brotava uma fonte consagrada ao deus Ares /Marte. Mas uma enorme serpente que guardava aquelas águas devorou a maioria dos expedicionários. Cadmo, ao ver-se sozinho perante o monstro, lançou-lhe com força e fúria uma pedra de bordas cortantes e matou-o. Desde essa altura, foi celebrado como herói por todos.


RARA SEMENTE E ESTRANHO FRUTO

Mas não acabariam aqui as vicissitudes do legendário fundador de Tebas pois, a instância de Atena, Cadmo arrancou os dentes da serpente e disseminou-os entre a terra. Das estranhas sementes germinadas brotaram uns frutos não menos estranhos: uns homens armados denominados Espartoi (= "homens semeados"), que tinham um aspecto ameaçador. De novo o herói Cadmo, assustado e sem saber que fazer, recorreu ao recurso de lançar pedras. Como os "homens semeados" não sabiam donde procediam, começaram a desconfiar deles mesmos e acusaram-se mutuamente de tê-las atirado. Então lutaram entre si com verdadeira sanha e só cinco deles viveram para contá-lo. Os seus nomes ficariam registrados para sempre na história da Mitologia, ao lado do de Cadmo. Além disso, os cinco sobreviventes ofereceram-se para ajudar o herói em quantas tarefas lhes fossem encomendadas. mas Cadmo tinha que submeter-se ao julgamento dos deuses pois tinha morto uma serpente gigantesca que o próprio Ares /Marte tinha contribuído a criar. As deidades maiores, reunidas no Olimpo, acordaram condenar o fundador de Tebas a servir como escravo de Ares por espaço de oito anos. Quando lhe chegou o dia da sua libertação, continuou construindo, até terminá-la, a acrópoles de Tebas; casou com a bela Harmonia -filha de Ares /Marte e de Afrodita /Vênus- e, aos seus esponsais, acudiram todos os deuses do Olimpo, que lhes ofereceram diversos presentes. Entre as prendas dignas de menção, vale a pena destacar um colar feito pelo divino ferreiro Hefesto /Vulcano e um véu tecido pela deusa Afrodita.

Os antigos clássicos citam Cadmo como propagador do alfabeto grego e como o melhor conhecedor do trabalho nas minas e da arte de fundir metais.

Cadmo e a sua esposa morreram de velhos e, muito pouco antes, tinham abandonado Tebas, mudando-se para a região de Ilíria onde fundariam a cidade de Bútoe, o seu último reino antes de serem, por fim, conduzidos aos Campos Elíseos. Lugar idílico, este último, e reservado para todos os mortais que tinham agido com plena retidão durante a sua vida.


ÉDIPO

Apesar do anterior, o verdadeiro mito tebano está constituído ao redor da legendária figura de Édipo. A respeito deste herói escreveu-se e falou-se exaustivamente. inclusive no nosso tempo continua viva a sua influência através da literatura, a medicina, a psicologia e, em geral, a cultura, pois quem não ouviu falar, por exemplo, do "complexo de Édipo"?

Já Homero, na sua obra a "Odisséia" e por boca de Odisseu/ Ulisses -que desce ao mundo abissal do Tártaro-, nos descreve o drama de Édipo e da sua mãe: "E vi também a mãe de Édipo, Epicaste (Jocasta), que sem reparar, cometeu uma grande falta, casando com o seu filho; quando este, depois de matar o seu próprio pai, a tomou por esposa. Os deuses imediatamente revelaram aos mortais o que tinha acontecido e, contudo, Édipo, embora tivesse os seus contratempos, continuou reinando sobre os cadmeus na agradável Tebas, pelos perniciosos desígnios das deidades. No entanto, a mãe, abrumada pela dor e vencida pela desespero, foi à morada de Hades, de sólidas portas, atando um laço ao elevado teto".


"O DOS PÉS INCHADOS"

Já sabemos, em essência, qual é o miolo do mito de Édipo. e, quanto à sua gestação, tudo começou em Tebas, "a cidade das sete portas". Antes de Édipo ser concebido, os seus pais sentiam-se muito aflitos porque, apesar de terem posto todos os meios, ainda não tinham descendência. Decidiram então consultar o oráculo e a sua resposta encheu-os de perplexidade e temor: "Sobre vós cingir-se-á a mais cruel das desgraças se chegarem a ter um filho, pois está escrito que este matará o pai e se casará com a sua própria mãe".

Passou o tempo e Laio e Jocasta tiveram o seu primeiro filho; então lembrar-se da advertência do oráculo e Laio, apesar de ter desejado por todos os meios ter descendência, mandou um dos seus melhores e mais fiéis vassalos levar o menino ao monte Citeron e matá-lo. O servidor, abrumado pela ordem recebida do seu amo, conduziu o menino até o lugar citado mas não o matou, senão que o atou pelos pés a uma árvore -daqui vem o nome de Édipo, que em grego significa "o dos pés inchados"- e afastou-se do lugar com pesaroso semblante. Os prantos e gemidos do menino foram ouvidos por um pastor que não longe de lá guardava os rebanhos do rei de Corinto. O homem aproximou-se da, nunca melhor chamada, árvore fatídica e com grande pressa livrou o menino das ataduras e levou-o com ele à corte do seu amo; uma vez aqui apresentou-o a Pólibo, que na altura governava a cidade de Corinto. Este e a sua esposa adotaram o menino, dado que não tinham tido filhos, criaram-no com ternura e carinho e puseram-lhe o nome de Édipo. O tempo passava e o menino fez-se jovem; a sua destreza nos jogos ginásticos e a sua força e coragem causavam admiração entre os seus companheiros e amigos. Mas, numa ocasião, teve uma briga com outros rapazes da sua mesma idade e um deles, invejoso das qualidades de Édipo, insultou-o de maneira muito especial, dado que lhe lançou à cara que ele não era filho dos reis de Corinto. Assim que Édipo ouviu tal asseveração correu ao palácio e, uma vez na presença dos até essa altura teve por seus progenitores, lhes pediu para que o tirassem de dúvidas. O rei de Corinto confessou-lhe tudo o que sabia dele e Édipo, consternado, partiu para Delfos a perguntar ao oráculo qual era a sua verdadeira origem. A resposta que o jovem ouviu do oráculo ainda o aprofundou mais no desespero pois, realmente, nada concreto se desprendia de uma previsão tão terrível como aquela: "nunca retornes ao teu país natal se não queres ocasionar a morte do teu pai e casar com a tua mãe". Desde essa altura, Édipo decidiu não voltar mais a Corinto, pois considerava que lá estava a sua pátria e, de resto, ainda não fazia idéia de quem tinham sido até agora os seus benfeitores, não fossem também os seus progenitores.


A ESFINGE

Mas a fatalidade quis que Édipo encontrasse no caminho de regresso umas pessoas que lhe ordenaram, com modais bruscos, que se afastasse. O jovem, que ainda não se tinha reposto da sua recente consternação e que, pelo mesmo motivo, ainda se encontrava um pouco transtornado, não pôde suportar a arrogância daqueles desconhecidos e enfrentou-os. Na refrega perdeu a vida o mais ancião de todos que, oh destino arbitrário!, era o próprio pai de Édipo. Parte da profecia do oráculo já se tinha cumprido, embora o jovem ainda o ignorasse e, por isso, continuou o seu caminho com a intenção de encontrar, em algum lugar, provas ou dados da existência e personalidade dos seus verdadeiros pais.

Por então, a cidade de Tebas -que já tinha ficado sem rei, pois dizia-se que um forasteiro o tinha assassinado sem causa justificada- e todos os seus habitantes sentiam-se atemorizados por um estranho monstro que assolava aquela comarca e que denominavam a Esfinge. Todos os dias o horrendo animal cobrava uma nova vítima pois, do alto de uma colina, esperava os viajantes para propor-lhes a resolução de um enigma. Se o caminhante interpelado pela Esfinge não era capaz de resolvê-lo, o horrendo monstro devorava-o imediatamente. Um grande número de tebanos tinha sucumbido perante as suas garras pelo que se tomou a decisão de conceder o trono de "a cidade das sete portas" e a mão da rainha viúva a quem livrasse Tebas, para sempre, da Esfinge.


DESÍGNIOS QUE SE CUMPREM

Édipo, que na altura tinha entrado na região de Beócia com o fim de chegar até a cidade de Tebas, viu-se surpreendido no caminho por uma espécie de ave de gigantescas asas que tinha a cabeça e as extremidades de uma mulher, o corpo de um leão, a cauda de serpente e as garras de um felino. Era a Esfinge que, enquanto o diabo esfrega um olho, reteve o rapaz e lhe colocava o seguinte enigma: "Qual é a criatura que tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três ao anoitecer e que, ao contrário que outros seres, é mais lento quantos mais pés utiliza ao andar?"

Assim que o jovem Édipo se recuperou do susto que a visão de tão horrível animal lhe tinha produzido, respondeu com decisão e segurança: "O Homem! "

Contam as crônicas que, dado que a resposta foi correta e o enigma resolvido, a Esfinge atirou-se a um precipício do alto da mesma rocha onde costumava colocar-se para esperar os incautos viajantes. Nunca mais se soube dela e Édipo converteu-se imediatamente num herói celebrado por todos os cidadãos tebanos. Casou com Jocasta, a rainha viúva, e acedeu ao trono de Tebas. Já estava cumprida a predição do oráculo na sua totalidade pois a esposa de Édipo era a sua verdadeira mãe. E, embora o jovem herói não o soubesse, os deuses -que conheciam a verdadeira origem de Édipo e as causas pelas quais tinha sido separado dos seus, apenas recém-nascido,- em breve mostrariam a sua ira perante o incesto que se acabava de produzir entre dois mortais que eram mãe e filho.


DURA DECISÃO

Decorreu o tempo, não obstante, e quase não havia acontecimento algum para perturbar a paz dos tebanos. Jocasta tinha engendrado quatro filhos de Édipo, dois homens -Etéocles e Polinice-, e duas mulheres: Antígona e Ismene.

Mas, embora tarde, os deuses permitiram que a calamidade visitasse a região de Beócia. Uma doença incurável começou a dizimar a população de Tebas. Nada podiam fazer contra esta peste, nem a ciência nem os sacrifícios aos deuses; homens, mulheres e animais morriam indiscriminadamente. Consultado o oráculo, com o fim de encontrar a causa de tanto mal, este informou aos cidadãos de Tebas o seguinte: "A desolação e a morte se afastarão da "cidade das sete portas" quando o assassino de Laio, o vosso anterior rei, seja expulso de Tebas". Assim que os mensageiros de Édipo lhe comunicaram a resposta do oráculo, o jovem rei apressou-se a ordenar uma investigação minuciosa sobre todos os pormenores que rodearam a morte do ancião Laio e até ele próprio se dispôs a visitar o adivinho mais prestigioso da época, isto é, o cego Tirésias. Este negava-se, ao princípio, a responder às perguntas de Édipo mas, assim que foi advertido de que poderia sobrevir-lhe um cruel castigo se persistia no seu silêncio, não teve mais remédio que revelar tudo o que sabia. e, deste modo, Édipo soube que ele próprio tinha morto o seu pai e, além disso, casado com a mãe. sentiu-se mal imediatamente, e desprezível, e tão indigno de ver a luz que se auto-mutilou cravando-se alfinetes de bronze nos olhos. Depois foi expulsado de Tebas pelos seus próprios filhos e só Antígona -a menor de todos os irmãos- o acompanhou e guiou até Colona, na região da Ática. Aqui esperava-o, não obstante, Teseu, que acolheu com hospitalidade Édipo e a sua abnegada filha Antígona. Quanto a Jocasta, sentiu tais remorsos por ter desposado o seu próprio filho e assaltou-a tal horror perante as conseqüências de tão terrível ato que se enforcou com uma corda que previamente amarrou a uma das vigas da sala do palácio.


A RICA CIDADE DE CORINTO

Nenhuma cidade foi tão ilustre, na antiga Grécia, como Corinto. A sua privilegiada situação, lugar de passagem obrigatória para entrar na região do Peloponeso para chegar, portanto, a Esparta, contribuiu para que Corinto gozasse de merecida fama entre a aristocracia e as gentes ricas da antiguidade clássica, que faziam as suas reuniões em tão suntuosa urbe. Uma das mais belas e consistentes ordens arquitectônicas foi criada em Corinto. Pode-se dizer a mesma coisa da escultura; daqui surgiu a medida proporcional, perfeita e canônica, para aplicar a estátuas e figuras. A riqueza dos seus monumentos, o estilo das suas edificações e a suntuosidade dos seus altares consagrados à deusa Afrodita /Vênus, protetora da cidade, faziam de Corinto a mais idílica das cidades da época clássica. E que dizer da importância da sua indústria, se o bronze de maior qualidade de toda a antiguidade saía dos fornos de Corinto. Foi, ao mesmo tempo, berço de heróis legendários -tais como Sísifo e Belerofonte- e a mais cosmopolita das urbes clássicas.


SÍSIFO

Astúcia e sabedoria foram duas das qualidades com que se adornava o legendário herói Sísifo. O seu próprio nome provém do termo grego "sofos", que significa "sábio". encontrava solução e remédio para todo, devido às suas habilidades e estratagemas. A ele se atribui a fundação da cidade de Corinto e, dado que esta se encontrava situada num istmo estreito, Sísifo fechou-o para assim controlar quem necessitasse cruzar por aquele território e cobrar-lhe uma espécie de direito de passagem. Em outra ocasião, contam os narradores de mitos que os mananciais de Corinto secaram por falta de chuva e então Sísifo dirigiu-se ao deus-rio Assopo para fornecer água a Corinto. Como este se encontrava aflito por causa do recente rapto da sua bela filha Egina, quase não reparou que na petição de Sísifo. Mas o astuto rei de Corinto revelou ao angustiado pai o nome de quem lhe tinha roubado a filha; tratava-se nada menos que do poderoso Zeus. Assopo, agradecido pela informação que Sísifo lhe tinha proporcionado, fez brotar um manancial de água cristalina no lugar em que, desde essa altura, se conheceu como a "fonte de Pirene". Logo a seguir dirigiu-se para o bosque apontado pelo seu informante e encontrou a sua filha Egina e Zeus abraçados. O rei do Olimpo transformou-se em rocha para fugir da ira do pai da jovem e, assim que lhe foi possível, recuperou o seu poder e os seus raios e lançou-os contra o deus-rio Assopo. Desde essa altura, o caudal deste é mínimo e as suas águas arrastam restos de carvão queimado que, como incômodas testemunhas de uma luta, se encontram depositados no leito do rio.


DIVERSIDADE DE LENDAS

Sísifo tinha por vizinho um personagem que julgava que era muito esperto e que apreciava o furto e o engenho sobre quaisquer outras qualidades. Em certa ocasião roubou vários animais do fundador de Corinto e, assim, demonstrou qual dos dois era mais pícaro. Passou um tempo prudencial e Autólico -que assim se chamava o vizinho de Sísifo-, quis repetir a sua façanha, e voltou outra vez a levar parte do rebanho de Sísifo. Mas nesta ocasião o astuto Sísifo tinha marcado todas as patas dos seus animais com a singular legenda "fui roubado por Autólico". E, deste modo, demonstrou ao seu vizinho que as reses que lhe reclamava eram suas. Admirado Autólico da estratagema utilizada por Sísifo não teve inconveniente em oferecer-lhe um presente especial. Tratava-se da sua própria filha que, por então, se encontrava comprometida com Laertes. Mas Autólico atuava assim em seu próprio interesse, pois propunha-se ter um neto perspicaz e esperto como o seu vizinho Sísifo. Existem outras versões dos fatos narrados, segundo as quais, um dia antes de casar com Laertes, Sísifo seduziu a futura esposa daquele, para o qual contou com a cumplicidade do pai da noiva, isto é, do interessado Autólico. A lenda conta que o fruto de tão irregular união foi o herói Ulisses.

A tradição clássica também nos fala das más relações entre Sísifo e o seu irmão Salmoneu. Tanto se odiavam que Sísifo foi consultar o oráculo para que lhe mostrasse a maneira mais eficaz de infligir-lhe um cruel mal, ou mesmo causar-lhe a morte. A pitonisa do oráculo informou-lhe que deveria deitar-se, depois de seduzí-la, com a esposa do seu irmão.


UM SOFISTICADO CASTIGO

Os fatos até aqui expostos são uma prova acreditativa da culpabilidade de Sísifo por cujo motivo, assim que este gozou dos encantos da sua própria cunhada, foi condenado a um duro trabalho: deveria carregar para sempre com uma rocha de enormes dimensões e levá-la ao pico de uma montanha situada no Tártaro; ao chegar lá cima, a rocha escorregaria pela montanha abaixo e Sísifo deveria descer a procurá-la para carregar de novo com ela sobre os seus ombros e subí-la outra vez até o alto da montanha. O resultado não teria variação alguma e tantas vezes subisse Sísifo com a rocha ao cimo da montanha, outras tantas aquela rodaria até lá baixo, com o qual Sísifo estava condenado a um trabalho inútil. A tradição explica que este doloroso processo ficou interrompido na ocasião em que o mundo subterrâneo recebeu a visita de Orfeu que, fervorosamente apaixonado, penetrou no Tártaro à procura da sua querida Eurídice, e entoou um canto melodioso.

Outras versões explicam que este castigo tão exemplar foi idealizado por Zeus. O poderoso rei do Olimpo, assim que soube que Sísifo o tinha denunciado perante o deus-rio Assopo como o raptor da sua filha -a bela ninfa Egina-, condenou Sísifo a carregar a pesada pedra e a subi-la pela ladeira acima, de maneira intermitente. Em todo caso, diz-se que Zeus tinha enviado Sísifo perante Tânato -filho da Noite e mensageiro, se não personificação, da Morte- para prestar contas dos seus atos. Mas o ousado fundador da rica cidade de Corinto encadeou a própria morte e teve que ir o próprio Zeus libertá-la. Durante o tempo que Tânato permaneceu atado por Sísifo, não sobreveio a Morte a nenhuma criatura; semelhante façanha nunca foi igualada por ninguém. E, pelo menos numa ocasião, pode dizer-se que o engenho e o atrevimento de Sísifo redundou em bem da humanidade dado que, anulada a Morte, se prolongou a vida.


BELEROFONTE

Um importante herói de Corinto foi Belerofonte que, segundo os narradores de mitos, entra na história com o pé esquerdo, pois matou Belero -considerado como o tirano de Corinto e, segundo outras versões, um irmão do próprio Belerofonte- num acidente de caça. O nome de Belerofonte significa "matador de Belero". Era neto de Sísifo e, no entanto, saiu vitorioso de muitas empresas difíceis utilizando a astúcia, como tinha feito o seu avô.

Assim que se produziu a morte do seu irmão, Belerofonte abandonou Corinto e foi refugiar-se na região da Argólide. Uma vez aqui, encaminhou-se para o palácio de Preto -que reinava em Tirinto- com o propósito de ser purificado por ele. O monarca acolheu-o com hospitalidade mas a sua esposa afeiçoou-se pela beleza daquele jovem coríntio e propôs-lhe um namoro. Belerofonte, que tinha ido exclusivamente à Argólide para unir consolo e compreensão às suas vicissitudes, viu de novo chegada outra desgraça para ele. Contudo, e porque não queria que o seu generoso anfitrião, o rei de Tirinto, tivesse razão alguma para desconfiar da honorabilidade do seu hóspede, rejeitou qualquer tentativa de infidelidade por parte da esposa daquele. Tal atitude de rejeição provocou a ira de Antea -que assim se chamava a mulher de Preto e, segundo outras versões, Estenebea- e, assim que teve ocasião, caluniou-o publicamente e acusou-o, na presença do seu próprio marido, de tentativa de violação.


A "CARTA DE BELEROFONTE"

Assim que o rei de Tirinto ouviu a quantidade de mentiras inventadas pela sua esposa ficou perplexo; mas nem por isso desconfiou de tais asseverações nem pôs em duvida as palavras da sua consorte. Decidiu, então, afastar do seu palácio o viajante que tinha vindo perturbar a paz do seu lar e, deste modo, Belerofonte se viu de novo envolvido em intrigas e maquinações inventadas, neste caso, por uma mulher ferida no seu orgulho e despeitada no seu ardor amoroso. A verdade é que o jovem coríntio foi expulso com diplomacia do palácio de Preto, que lhe entregou uma carta e o enganou com respeito ao seu conteúdo, dado que lhe disse que era uma carta de recomendação para o seu novo anfitrião, o rei de Lícia, quando, realmente, se tratava de uma missiva que exigia a morte do seu portador. É que na antiguidade clássica existia o costume de respeitar os convidados até o extremo e não se podiam infringir as leis locais de nenhum modo. Desde esse momento, e para a posteridade, quando o mensageiro leva uma carta com instruções prejudiciais para ele próprio, esta é denominada "Carta de Belerofonte".

Quando Belerofonte chegou à região da Lícia, foi recebido por Iobates que, na época, regia os destinos dos habitantes daquelas terras. Além disso, era o pai de Antea, a mulher que tinha causado a confusão e levantado os mais ruins infúndios em torno do jovem coríntio que se tinha atrevido a rejeitar as suas insinuações amorosas.


UM MONSTRO CHAMADO "QUIMERA"

O rei de Lacia acolheu o seu novo hóspede com festas e comidas que duraram mais de uma semana. E, quando chegou o dia décimo, o esplêndido anfitrião abriu a carta que o seu hóspede lhe tinha entregado ao chegar. Para cumprir tão drástico mandato, Iobates encarregou a Belerofonte uma empresa perigosa que consistia em matar um terrível monstro que estava minando os rebanhos de todo o país e devorava quantos cidadãos encontrava no seu caminho. Mas os deuses ainda eram favoráveis a Belerofonte e, pelo mesmo motivo, lhe concederam o desejo de montar Pegaso -o cavalo alado mais veloz de quantos até a essa altura tinham existido na face da terra e que, segundo a lenda, tinha surgido do sangue da górgona Medusa- para afrontar o iminente perigo. Desta forma, o valente jovem coríntio encontrou-se com um temível animal que tinha a cabeça de leão, o corpo de cabra e a cauda de dragão; cuspia fogo pela boca e tudo quanto havia ao seu redor ficava abrasado. Belerofonte, montado em Pegaso, conduziu-o com a brida de ouro que o tornava dócil e manso que a deusa Atena lhe tinha oferecido e, com inusitado ímpeto, lançou-se contra Quimera -pois assim chamava toda a gente ao monstro- um pesado dardo que se introduziu pela sua cavernosa boca. Assim que se fundiu por efeito do fogo que o monstro exalava pelas suas enormes fauces, o dardo converteu-se em chumbo que se derramou imediatamente pelas entranhas de Quimera produzindo a morte do terrível monstro.

Depois de sair vitorioso de tão tremenda aventura, Belerofonte foi enviado para lutar contra as Amazonas -mulheres guerreiras que repudiavam a companhia dos homens e tinham uma força superior- e também as venceu num cruento combate. Finalmente, o próprio Iobates enviou os seus guerreiros contra Belerofonte, que lhe prepararam uma emboscada para acabar com ele. No entanto, os acontecimentos sucederam ao contrário pois Belerofonte não deixou vivo um só dos seus atacantes. Então o rei de Tácia, admirado pela valentia e força do seu hóspede, pensou que sem dúvida se encontrava sob a proteção das deidades do Olimpo e explicou imediatamente a Belerofonte as razões da sua atuação para com ele. Deu-lhe a conhecer o conteúdo da carta de Preto e o jovem coríntio compreendeu tudo imediatamente. Aceitou ficar a viver em Lícia e Iobates concedeu-lhe a mão da sua bela filha Filónoe e cedeu-lhe grande parte do patrimônio real. Conta a lenda que, assim que tais fatos e façanhas chegaram aos ouvidos de Antea, esta vencida pelos ciúmes e envenenou-se.